UE testa unidade frente aos “caprichos” da Casa Branca
Acordo nuclear e taxas alfandegárias foram os temas discutidos para dar uma resposta coletiva aos Estados Unidos
REUNIÃO Os líderes dos países europeus encontraram-se ontem à noite em Sófia para definirem uma voz comum face à “atitude caprichosa” do presidente norte-americano no que respeita aos dossiês do nuclear iraniano e das novas barreiras comerciais. O mote foi dado pelo presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk: “Hoje estamos a assistir a um novo fenómeno: a assertividade caprichosa da administração norte-americana. Quando observamos as últimas decisões do presidente [Donald Trump], podemos questionar-nos: com amigos destes, quem precisa de inimigos?”, escreveu o dirigente polaco em carta endereçada aos chefes de governo da UE.
Ainda na Alemanha, Angela Merkel apelou para a continuidade das relações transatlânticas, de “importância capital”. À saída da reunião do Partido Socialista Europeu, na capital búlgara, o primeiro-ministro português, António Costa, alinhou com Tusk, ao defender uma “Europa forte” num mundo onde se multiplicam “os fatores de crise e de tensão e onde os EUA não têm dado um bom contributo, para não dizer um contributo negativo”.
O encontro realizou-se num jantar informal, organizado pela Bulgária, que ocupa a presidência rotativa da União Europeia. No repasto, os 28 discutiram temas como o acordo nuclear do Irão, as taxas alfandegárias norte-americanas às importações de aço e de alumínio.
A UE está isenta de taxas alfandegárias até 31 de maio de 25% sobre as exportações de aço e de 10% sobre as de alumínio. Na carta, Tusk apelou para o cerrar de fileiras pela isenção permanente das taxas. “É absurdo pensar que a UE possa ser uma ameaça para os Estados Unidos”, comentou. Por sua vez, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, reiterou a “importância primordial” da manutenção do acordo com o Irão.
Hoje, os 28 encontram-se com os seus pares da Albânia, Bósnia e Herzegovina, Sérvia, Montenegro, Macedónia e Kosovo. É a primeira vez em 15 anos que a UE realiza um encontro com os parceiros dos Balcãs. O objetivo é fortalecer os laços com essa região onde a Rússia tenta expandir a sua influência. C.A.