Existem deficiências, designadamente a intelectual, cuja avaliação é destituída do rigor que as devia caracterizar e como tal potencialmente geradoras de significativas injustiças mercê da facilidade de ludibriar o sistema
perpetuarem esta situação pelas implicações financeiras favoráveis, designadamente no que se refere ao pagamento de bolsas de preparação e de prémios pelo Estado, esquecendo que o desporto paralímpico se destina a assegurar a prática do desporto de alta competição pela pessoa com deficiência e que constitui obrigação do Estado de adotar as medidas específicas necessárias para o efeito, nomeadamente, a criação de estruturas adequadas e de formas de apoio social financiadas pelo Orçamento do Estado.
Neste contexto torna-se relevante questionar: 1. Porque é que há resistências à certificação da deficiência na área do desporto por meio do AMIM?; 2. A quem interessa? Alguém beneficia indevidamente dos apoios paralímpicos?; 3. Porque é que existem atletas que se manifestam contra a adoção desta medida? Não deveriam estes, enquanto pessoas com deficiência, ser detentores a priori do atestado para, no seu interesse, beneficiarem dos demais direitos decorrentes da condição de deficiência?; 4. Porque é que a administração pública desportiva se põe à margem desta problemática? Não deveria ser a primeira a exigir transparência? Está em causa o dinheiro dos contribuintes.
Numa época em que a palavra de ordem é a racionalização da gestão dos recursos, as federações desportivas não se podem alhear da problemática sob pena de serem cúmplices de um sistema que está longe de ser transparente e que, se vier a provar que estão a acolher atletas que fazem batota, poderão, por essa via, perder o estatuto de UPD. Prof. Catedrático UTAD; presidente da Federação Portuguesa de Natação; membro do Conselho Nacional de Desporto e Conselho Nacional de Educação; membro do Conselho Científico do Plano Nacional de Promoção da Atividade Física