Thierry Neuville isolou-se no dia de Armindo Araújo
Após cinco anos afastado, piloto tirsense comanda o nacional. Na geral, Neuville segue lançado para a primeira vitória
RUI MARQUES SIMÕES Voltou, viu e venceu: depois de cinco anos afastado da competição automóvel, Armindo Araújo continua a gozar de um regresso triunfal ao mundo dos ralis. Ontem, o piloto natural de Vila das Aves (Santo Tirso) foi um dos principais protagonistas do dia em que o belga Thierry Neuville (Hyundai) se isolou na frente do Rali de Portugal.
A prova portuguesa, sexta etapa do Campeonato Mundial de Ralis (WRC), só termina hoje, ao final da manhã, em Fafe (faltam cinco especiais). Mas as contas do Rali de Portugal, enquanto corrida pontuável do campeonato nacional, ficaram fechadas ontem. E Armindo Araújo (Hyundai i20 R5) pôde festejar: ganhou e chegou à liderança do Campeonato de Portugal de Ralis.
O piloto tirsense, com 40 anos e um dos melhores currículos da história dos ralis em Portugal, acabou com 2:57.700 minutos de avanço sobre Miguel Barbosa (Skoda Fabia R5), com quem manteve uma luta animada ao longo das 12 especiais da prova – o segundo foi obrigado a levantar o pé, devido ao sobreaquecimento do motor, na derradeira classificativa de ontem. E juntou mais uma coroa ao seu inesperado retorno ao mundo dos ralis, ao fim de cinco anos de ausência (antes, “não se proporcionaram as condições necessárias para o regresso, com um projeto sólido” recordou, ao DN, no início do campeonato).
“Foi uma vitória excelente. Adaptamos um compromisso entre velocidade e poupança da viatura, porque encontrámos as classificativas muito danificadas. Na última especial [Amarante 1] cheguei a pensar que tinha perdido o rali, pois fiquei sem travões a dez quilómetros do final. Fui até fim com muitas cautelas, mas um pouco desiludido... Só soube mais tarde que o Miguel Barbosa também tinha tido problemas”, contou Armindo Araújo. Com o triunfo, o piloto da Hyundai ultrapassou Ricardo Moura e CarlosVieira (que não participaram no Rali de Portugal) e chegou à liderança do campeonato nacional – já vencera a prova anterior, o Rali de Mortágua. “Foi uma vitória importante porque saímos da fase de terra do campeonato na liderança e sabemos que o Hyundai é mais competitivo em asfalto [terreno das últimas quatro etapas do nacional]”, acrescentou.
No entanto, o Rali de Portugal ainda não acabou para o piloto da Vila das Aves – antigo tetracampeão nacional (2003-2006) e bicampeão mundial da classe de produção (2009 e 2010). Armindo Araújo segue no 14.º lugar da geral – 2:12.800 minutos de Thierry Neuville – e pretende segurar a posição de melhor português em prova. “É isso que quero, mas sem andamentos doidos, até porque não temos armas para lutar por outros objetivos”, explicou, citado pela agência Lusa. Neuville em 1º, Meeke no hospital Na frente, tudo parece (quase) resolvido. Thierry Neuville (Hyundai) segue lançado para conquistar a primeira vitória em Portugal e subir à liderança do WRC: se ganhar, é certo que ultrapassa Sébastien Ogier. Ontem, o piloto belga aumentou para 39,8 segundos a vantagem sobre o principal perseguidor, o britânico Elfyn Evans (M-Sport/Ford).
O dia ficou marcado por mais uma desistência – após Sébastien Ogier (M-Sport/Ford), Jari-Matti Latvala, Ott Tänak (ambos Toyota), Hayden Paddon e Andreas Mikkelsen (Hyundai), na sexta-feira. O britânico Kris Meeke (Citroën) teve de receber assistência hospitalar, depois de se despistar na primeira passagem por Amarante, mas teve alta ao final do dia. Com mais um WRC de fora, a discussão das últimas especiais parece reservada para a luta pelo 3.º lugar – por agora, nas mãos do espanhol Dani Sordo (Hyundai).