“O FMI é uma sigla que assusta”
Próximo de Macri, Federico Ramón Puerta foi presidente da Argentina por dois dias no auge da crise de 2001. A Argentina está a negociar com o FMI. O atual quadro do país vai permitir a recuperação e uma integração favorável nos mercados? A presença da Argentina nesta instituição é muito importante. Continuamos a fazer parte, mas não operamos financeiramente. Operar financeiramente com o FMI não é politicamente bem visto por questões históricas. Cada vez que havia uma crise, a sigla FMI soava duramente contra os interesses populares. Hoje é totalmente diferente. A Argentina normalizou, nos últimos dois anos, a sua relação com o mundo e, neste mundo tão dinâmico e internacional, o FMI é uma instituição de prestígio e a ter em conta. Está longe de ser um demérito. Vai haver estabilidade política até 2019? A estabilidade política na Argentina está garantida por um sistema democrático. No Parlamento, o governo – que não tem maioria em nenhuma das câmaras – conseguiu aprovar as principais leis. O volume é muito grande e a governabilidade está garantida. Não há qualquer grupo parlamentar que a queira entorpecer. O que aconteceu em 2001 está muito fresco na memória. Mas hoje a Argentina está a passar por um contratempo cambial. É uma situação natural numa economia aberta e absolutamente desregulada em matéria cambial. Foi um protagonista da crise de 2001. Quais as diferenças hoje? Em 2001, a Argentina não tinha reservas estrangeiras. Hoje há mais de 60 mil milhões de dólares. Em 2001, o FMI dizia “não emprestamos”. Hoje diz “estamos aqui para ajudar no que faltar”. Estamos a entrar e não a sair. Não haja equívocos. O FMI é uma sigla que assusta muitos, uma espécie de fantasma agitado por setores de uma esquerda, que nalgum momento pode ter tido razão mas que está envelhecida e fora de contexto.