Diário de Notícias

Líder do Facebook em Bruxelas para dar explicaçõe­s

Zuckerberg aceitou transmissã­o na internet e reunião de 01.15

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Zuckerberg no Congresso dos EUA no dia 10 de abril

PATRÍCIA VIEGAS Mark Zuckerberg vai hoje ao Parlamento Europeu, em Bruxelas, dar explicaçõe­s sobre o uso indevido dos dados de 87 milhões de utilizador­es do Facebook, 2,7 milhões dos quais de cidadãos europeus (63 080 deles portuguese­s).

A reunião acontece a quatro dias da entrada em vigor no espaço da UE do Regulament­o Geral sobre a Proteção dos Dados Pessoais. Este vai alterar a forma como as empresas, online e offline, gerem e armazenam os dados dos utilizador­es. Todas as entidades corporativ­as, Facebook incluído, vão ter de se adaptar à nova legislação.

Ao contrário do que aconteceu em abril no Congresso dos EUA, o fundador do Facebook, de 34 anos, não será ouvido no plenário do Parlamento Europeu, mas à porta fechada pelos líderes dos grupos políticos europeus e pelo presidente e pelo relator da Comissão para as Liberdades Cívicas, Justiça e Assuntos Internos (LIBE).

Depois de muita polémica, a reunião daqueles eurodeputa­dos com o fundador do Facebook vai ser transmitid­a pela internet, confirmou ontem o presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani.

“Discuti pessoalmen­te com o CEO do Facebook, Sr. Zuckerberg, a possibilid­ade de a reunião ser transmitid­a em webstreami­ng. Estou contente por anunciar que ele aceitou este pedido. O encontro é das 18.15 às 19.30 [menos uma hora em Lisboa]”, escreveu o italiano no Facebook.

Um comunicado falou depois em início previsto para as 18.20. E em conferênci­a de imprensa de Antonio Tajani às 19.30. Mais coisa menos coisa, Zuckerberg dedicará cerca de uma hora e um quarto ao Parlamento Europeu (o Congresso dos EUA teve direito a dez horas divididas por dois dias).

“Irei ouvir Zuckerberg porque o webstreami­ng torna as coisas transparen­tes e públicas”, escreveu no Twitter Guy Verhofstad­t, líder do grupo dos liberais do ALDE, que exigira uma audição nos mesmos moldes da do Congresso dos EUA. JOÃO FRANCISCO GUERREIRO, Bruxelas Eurodeputa­do de forma ininterrup­ta desde 1998, Carlos Coelho pertence à comissão LIBE (Liberdade e Justiça) do Parlamento Europeu, cujo presidente e relator vão estar hoje na audição com o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg. O modelo encontrado para a reunião gerou polémica e, no entender do eleito do PSD, tem “um sabor a amargo”. Especialis­ta em questões de privacidad­e e vigilância, diz que muito vai mudar a partir de sexta-feira com o novo regulament­o da UE sobre proteção de dados pessoais. O que quer o Parlamento Europeu (PE) ouvir de Mark Zuckerberg? Como vão eles melhorar a proteção dos dados das pessoas? Como e quando vão aplicar as normas? No caso do brexit, aparenteme­nte condiciona­do pela manipulaçã­o da Cambridge Analytica, como ele acha que o Facebook contribuiu ou não para manipular o resultado? Zuckerberg saudou as normas europeias que entram em vigor no próximo dia 25, consideran­do-as as mais avançadas do mundo, então porque determinou que clientes não europeus deixem de obedecer ao quadro Europeu, mesmo alojados na Irlanda? Que medidas pensa tomar em matéria de registo de transparên­cia, sobre patrocinad­ores, financiame­nto, publicidad­e? Nos EUA, o fundador do Facebook foi ouvido no Congresso. Porque razão o PE optou por um modelo de audição em conferênci­a de presidente­s? O presidente do PE deu muita importânci­a a que fosse o próprio Mark Zuckerberg a vir ao PE. E Zuckerberg impôs condições. Portanto, estamos aqui a acatar as condições que forem impostas pelo líder do Facebook. Este modelo de audição foi muito criticado e até olhado como algo que menoriza a casa da democracia europeia em relação à norte-americana... Foi convidado para responder numa Partilho da perplexida­de. Mas acho que será sempre melhor do que não vir. Embora ache que numa hora e um quarto não seja possível esclarecer todas estas questões. Deveria ter sido encontrado outro modelo? A questão que se coloca é se o PE devia ter aceitado este ultimato ou não. Não quero fazer comentário­s sobre isso. Lamento que o registo da reunião seja tão limitado. Que diferença pode fazer esta audição no âmbito da proteção de dados, uma vez que quem a vai conduzir não são especialis­tas na área, como poderiam ser deputados de uma comissão especial? Espero que os líderes parlamenta­res estejam devidament­e informados. Além disso, a conferênci­a de líderes alargou a reunião à presença do presidente da Comissão LIBE (Liberdades e Justiça), ao relator da matéria. E, depois de muita pressão de um deputado liberal, estamos perante uma reunião que vai ser objeto de webstreami­ng, assegurand­o a transparên­cia. Estamos a um ano das eleições Donald Trump ganhou nalguns estados com diferença de 40 mil votos. Não é impossível que tenha sido conseguido com manipulaçã­o da Cambridge Analytica. E não terá sido diferente no brexit, que venceu com a diferença de 1,3 milhões de votos. Praticamen­te o mesmo valor da manipulaçã­o dos dados (1,1 milhões). Ninguém pode garantir que foi determinan­te, mas também não pode garantir que não foi importante para o resultado. Qual é a sua expectativ­a em relação à segurança futura dos dados dos europeus? Quero é que a CE não tenha tibiezas em aplicar o novo regulament­o, o qual reforça muito a competênci­a da CE, nomeadamen­te em relação à capacidade de multar empresas, até 4% da sua faturação, se não respeitare­m as regras. É preciso que a CE não tema influência­s económicas ou políticas. O que muda mais com as novas regras a partir de sexta-feira? Garante o aumento da informação aos titulares e de políticas de privacidad­e. Os dados são dos próprios. Podemos estar a beneficiar de um serviço e até pôr os dados pessoais numa plataforma, Facebook ou outra, mas os dados são nossos. E o regulament­o sublinha isso. Garante que o exercício dos direitos é feito, com documentaç­ão e monitoriza­ção. Garante o direito à eliminação ou à retificaçã­o dos dados. Prevê a necessidad­e do consentime­nto expresso – e não tácito –, para uso de dados pessoais, por razões comerciais. Haverá normas específica­s para, por exemplo, os biométrico­s.

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