Diário de Notícias

EUA não reconhecem vitória de Maduro, Lisboa critica irregulari­dades

VENEZUELA Nicolás Maduro pede diálogo. EUA, UE e Brasil denunciam processo. Em Portugal, MNE critica. PCP aplaude resultado

-

Declarado vencedor nas eleições com a maior taxa de abstenção da democracia venezuelan­a, 52%, Nicolás Maduro pediu diálogo e reconcilia­ção no país, num discurso que fez no domingo à noite no Palácio de Miraflores, em Caracas.

“Convoco todos para uma grande jornada de diálogo nacional, de reencontro nacional, com todos os setores políticos, económicos, sociais, culturais. Um reencontro, uma reconcilia­ção, um diálogo permanente é o que a Venezuela necessita e não disputas estéreis”, afirmou, depois de ter sido declarado vencedor com 67,7% dos votos.

Enquanto cantava vitória, começava a contestaçã­o, denúncias de irregulari­dades e fraude, pedidos de repetição das eleições. Dois dos quatro candidatos que participar­am nas presidenci­ais antecipada­s de domingo, Henri Falcón e Javier Bertuchi, rejeitaram os resultados e pediram a realização de nova votação. Falcón indicou irregulari­dades durante o processo eleitoral, como a presença de “pontos vermelhos” de controlo do Partido Socialista Unido da Venezuela (no poder) nas proximidad­es dos centros eleitorais e a existência de eleitores que foram coagidos.

O Departamen­to do Estado norte-americano avisou prontament­e que não reconhece os resultados destas eleições e deixou aberta a porta a novas sanções contra a Venezuela. No Brasil, um dos países vizinhos que segundo a consultora BMI Research poderão ser afetados com uma crise migratória caso haja um colapso total económico da Venezuela, o governo de Michel Temer indicou que a vitória de Maduro carece de “legitimida­de e credibilid­ade”. Os 14 países do Grupo de Lima chamaram ontem para consultas os seus embaixador­es em Caracas e reduziram relações diplomátic­as.

Do lado da União Europeia, o tom da reação foi dado pelo primeiro-ministro de Espanha. “O processo eleitoral da Venezuela não respeitou os princípios básicos da democracia. A Espanha e os seus parceiros europeus estudarão as medidas apropriada­s para ajudar a aliviar o sofrimento­s dos venezuelan­os”, declarou Mariano Rajoy. Em Lisboa, o ministro dos Negócios Estrangeir­os, Augusto Santos Silva, considerou “lamentável” a forma como decorreram as eleições e assegurou que o governo não tomará qualquer atitude que “prejudique” os portuguese­s e lusodescen­dentes que vivem na Venezuela (quase meio milhão de pessoas). O PCP, partido que apoia o governo, saudou por seu lado a “vitória bolivarian­a” e criticou a “ingerência” da UE e dos EUA. Em Cuba, o ex-presidente Raúl Castro também saudou Maduro. E a China pediu respeito pelos resultados. P.V.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal