Quem é Giuseppe Conte, o advogado e professor que vai liderar Itália
Coligação. Giuseppe Conte é o nome proposto ao presidente pela Liga e 5 Estrelas. Os populistas anunciam o início da III república
O advogado e professor universitário Giuseppe Conte deverá ser o novo primeiro-ministro de Itália, pondo fim a 80 dias de impasse pós-eleitoral. O anúncio foi feito ontem à tarde pelo líder do Movimento 5 Estrelas (M5E), Luigi Di Maio, depois de ter indicado o nome ao presidente da República, Sergio Mattarella. Recebido de seguida no Palácio do Quirinal, Matteo Salvini, líder do outro partido que propõe governar o país, a Liga Norte, também indicou o nome de Conte.
“Podemos dizer que estamos diante de um momento histórico. Indicámos ao presidente da República o nome de quem pode cumprir o contrato de governo”, disse o líder do M5E no final da reunião com o presidente da República.
“Vai ser o chefe de um governo político”, prometeu. “Foram 80 dias em que valeu a pena perder tempo, porque finalmente nasceu a terceira república”, proclamou Di Maio. “E àqueles que dizem que não foi eleito eu respondo que Giuseppe Conte estava na minha equipa, 11 milhões de italianos votaram nele.”
Até agora nos bastidores do 5 Estrelas, Conte foi o autor do programa eleitoral no que respeita à justiça. Na campanha foi apresentado como futuro ministro da administração pública. Nessa altura, o professor universitário em Florença e dono de um escritório de advogados em Roma defendeu o fim de centenas de leis, a criação de legislação no combate à corrupção e uma reforma do ensino.
Especialista em direito civil e administrativo – desconhecido do grande público –, Conte será o sexto homem a chegar à liderança do governo sem ter sido eleito deputado ou senador, na Itália pós-II Guerra. O primeiro foi Carlo Ciampi, em 1993, o mais recente foi Matteo Renzi (2014 a 2016).
O chefe do Estado recebe hoje o presidente da Câmara dos Deputados, Roberto Fico, e a presidente do Senado, Maria Caselatti, para consultas. Caso Mattarella dê o aval, os partidos podem submeter a solução de governo a um voto de confiança parlamentar e o governo entrar em funções ainda nesta semana.
Cabe também a Mattarella nomear os ministros indicados pelo novo primeiro-ministro. Os media italianos dão conta de que Di Maio deve ocupar o ministério da Economia e do Trabalho, ao passo que Salvini deverá ficar com a Administração Interna.
Ontem, o presidente recebeu o contrato de governo com que ambos os líderes se comprometeram. O programa afirma-se contra a austeridade, cortando milhares de milhões em impostos e ao mesmo tempo prometendo mais benefícios sociais. A luta contra a corrupção e a criminalidade violenta e o fecho das portas aos imigrantes são outras das promessas a cumprir. De fora ficam medidas controversas como a saída do euro ou o cancelamento de parte da dívida pública.
Segundo uma sondagem publicada no La Repubblica, seis em cada dez italianos apoiam um governo M5E-Liga.