SPORTING BRUNO DE CARVALHO ACUSA MARTA SOARES DE TENTAR PARALISAR CLUBE E VAI IMPUGNAR AG
Sporting. AG de destituição marcada para 23 de junho. Empréstimo, reestruturação, compra e venda de jogadores... tudo em standby, nas palavras do presidente leonino, que não se coibiu de ameaçar membros da MAG com processos
Assembleia de destituição da direção marcada para 23 de junho. Bruno de Carvalho fala em “bomba atómica” que pode deixar clube sem dinheiro.
O futuro próximo do Sporting continua muito nublado, não se perspetivando uma luz ao fundo do túnel. Na reunião dos órgãos sociais realizada ontem, que durou quase três horas, a mesa da assembleia geral (MAG) decidiu convocar uma AG de destituição da direção para 23 de junho, com local indefinido mas com fortes possibilidades de ser no Estádio José Alvalade.
Para Bruno de Carvalho essa convocatória é uma “bomba atómica cheia de irregularidades”, lembrando que antes desta AG o conselho diretivo já tinha pedido uma para esclarecer os sócios e não foi agendada – e esta é uma das razões a que o CD se agarra para dizer que esta convocatória é irregular. Mais, Bruno de Carvalho é taxativo. “Se é possível impugnar esta AG? Claro que achamos que sim, mas não somos nós que achamos. A seu tempo vamos explicar todas as incorreções jurídicas desta bomba atómica. E tenho sérias dúvidas de que aconteça. É um atropelo total a tudo. Rapidamente iremos informar os sportinguistas desses atropelos”, garantiu em conferência de imprensa. Salários em risco? Esta convocatória, segundo Bruno de Carvalho, serviu para “parar o empréstimo obrigacionista”, tirar força ao CD “no processo negocial” e que pode levar a que todos possam pensar “que os jogadores podem sair de qualquer maneira”. Bruno de Carvalho foi ainda mais longe ao deixar no ar que ao ser posto em risco o empréstimo obrigacionista de 15 milhões de euros que vai ser lançado no final deste mês o clube fica “com um problema de tesouraria”. Por outras palavras, o Sporting pode ficar com um problema de liquidez para fazer face aos seus compromissos, inclusivamente salários.
Em suma, Bruno de Carvalho acusou Jaime Marta Soares, e a respetiva MAG, de querer paralisar o clube. “Não foram minimamente sensíveis aos interesses do Sporting e da SAD. Não foram sensíveis aos interesses dos acionistas e obrigacionistas, que deram voto de confiança a este CD quando aprovaram a dilatação do prazo do empréstimo obrigacionista que vencia agora no dia 25. Deitaram abaixo todo o trabalho que fizemos com os bancos e a CMVM.”
Ao que o DN apurou, o ambiente na reunião foi de “cortar à faca”, nas palavras de um dos presentes, com Bruno de Carvalho a deixar no ar a ameaça de processar judicialmente cada elemento da MAG.
Jaime Marta Soares no final da reunião esclareceu que Bruno de Carvalho “falou duas horas e meia” e a “MAG meia hora”. Isto perante alguma agitação de 20 apoiantes de Bruno de Carvalho que tudo fizeram à saída do Multidesportivo para não deixar Jaime Marta Soares comunicar aos jornalistas a conclusão da reunião. Mais tarde, o mesmo Marta Soares explicou ao Expresso que apresentou soluções a Bruno de Carvalho, tendo todas sido recusadas. “Não deixou falar ninguém, só enxovalhou. Tenho vergonha de um dia dizer as coisas que sei sobre ele. Apresentámos a proposta A: se aceitasse renunciar ao cargo nesta quinta-feira, ele manter-se-ia na gestão do clube e marcaríamos eleições para 19, 26 ou 29 de agosto. Ele escolheria a data que melhor lhe servisse. Esta, disse-lhe eu, era a melhor forma de parar esta instabilidade. Disse-lhe também que a MAG tinha quatro mil assinaturas, quando são apenas precisas mil. Nunca falámos numa comissão de gestão, isso é uma mentira, mentira, mentira.”
Aqui pode ter estado um dos problemas; Bruno de Carvalho revelou e uma fonte da MAG confirmou ao DN que o órgão em momento algum mostrou realmente o requerimento com assinaturas correspondentes, pelo menos, a mil votos de associados efetivos. Consequentemente também não foi revelada a fundamentação jurídica da justa causa para a destituição do atual CD liderado por Bruno de Carvalho.
Ao que o DN apurou, a MAG não mostrou ao CD o requerimento por uma razão: as assinaturas não tinham sido todas verificadas pela MAG em colaboração com uma sociedade de advogados lisboeta. E em declarações ao Expresso Marta Soares explicou que uma das razões para as assinaturas não terem sido verificadas é da responsabilidade do CD pois “não foram acionados os serviços [do clube] para a sua validade”.
Mostrando que o Sporting pode entrar num momento de ainda maior turbulência, Bruno de Carvalho, no entanto, defende que nenhum jogador poderá rescindir com o emblema leonino, apontando baterias a Frederico Varandas (ler texto ao lado). “Não há motivos para rescisões por justa causa. Não se pode alegar isso por ser o presi-
Durante a reunião Bruno de Carvalho ameaçou cada membro da mesa da assembleia com processos judiciais individuais
Presidente leonino continua a defender que não há razões para qualquer jogador pedir a rescisão com justa causa
dente A, B ou C. Isto foi penoso. Continuamos aqui pelo Sporting, em defesa do clube, fizemos todas as propostas e as pessoas não quiseram ouvir”, esclareceu. Aliás, Bruno de Carvalho deixou mesmo uma pergunta à MAG. “Se nos davam 60 dias, porque não deram 15, 20 ou 25 dias para lerem tudo e saberem tudo podendo falar com quem quisessem? Se é medo de rescisões, acontecem na mesma”, referiu Bruno de Carvalho fazendo menção às datas que Marta Soares lhe terá dado a escolher para realizar eleições e queimar a etapa da AG de destituição.
No final, um ataque direto a Frederico Varandas e ao seu passado militar: “Não vamos deixar que o Sporting seja tomado de assalto. Nunca deixámos, não vamos deixar. Se há coisas que não fazemos é desertar. Nunca se abandona um companheiro de guerra e se passa para o lado do inimigo.”