Publicar nas redes sociais após a morte? Sim, é possível
Plataforma desenvolvida por português ainda se encontra na fase beta, mas já publica de forma autónoma. É gratuita
“Imagine, daqui a uns anos, tetranetos de alguém poderem ter memórias dessa pessoa muito mais reais (ainda que de uma forma virtual) do que as que conseguimos ter atualmente.” É este o desejo de Henrique Jorge, criador da ETER9, uma rede social que ainda está na fase beta, mas que conta já com mais de 60 mil utilizadores, entre os quais quatro mil portugueses.
Trata-se de uma “rede social global, que transforma a nossa personalidade numa inteligência artificial imortal”. Ou seja, cada conteúdo partilhado ou interação que é feita “vai servir como alimento para a nossa contraparte”. Esta “é uma espécie de sósia virtual que absorve toda a informação que partilharmos e todas as interações que fizermos”. Quanto mais conteúdos forem publicados, mais conhecerá a personalidade do utilizador. “Para que mais tarde possam ser usadas sem que tenhamos de fazer nada.”
Henrique dá um exemplo concreto: “Se eu gostar de Coldplay, a minha contraparte vai ao YouTube e escolhe alguns vídeos dos Coldplay e publica no meu córtex (o córtex é o semelhante ao mural do Facebook)”. Ou seja, a contraparte “vai manter-se ativa (viva) para partilhar uma notícia que sabe que partilharíamos, escrever um comentário que poderia muito bem ter saído da nossa boca e viver virtualmente mesmo que não estejamos ligados”.
E que vantagens existem nessa imortalidade digital? “Eu não diria que há ‘vantagens’, mas antes sentimentos interessantes pela possibilidade de vir a interagir com uma entidade virtual que aprendeu com antepassados, por exemplo.”
“Imagine poder comunicar e interagir com um legado digital de pessoas que nunca chegou a conhecer! É um projeto que está fora do seu tempo”
HENRIQUE JORGE
FUNDADOR E CEO DA ETER9 “Não há motivo para pensar que não podemos fazer em modelos humanos o que descobrimos em animais. Mas estudar o envelhecimento nas pessoas é moroso”
JOÃO PEDRO DE MAGALHÃES
INVESTIGADOR EM LIVERPOOL