Diário de Notícias

Governo propõe solução menos rígida para bancos de horas

Mais tempo de período experiment­al e limitação no trabalho temporário

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LUCÍLIA TIAGO O governo quer acabar com os bancos de horas individual e grupal com origem em acordos individuai­s, mas na proposta que levou ontem à concertaçã­o social deixa cair a exigência de os bancos de horas apenas poderem ser instituído­s através de negociação coletiva. Em alternativ­a defende a sua criação por acordos de grupo, desde que os trabalhado­res sejam consultado­s e 65% concordem. A solução ainda continua a merecer reservas às confederaç­ões patronais, nomeadamen­te à do Turismo.

Às críticas dos patrões ao fim do banco de horas individual, o ministro Vieira da Silva respondeu com uma nova proposta que permite a modalidade grupal com um limite de acréscimo de duas horas diárias, 50 semanais e 150 anuais, desde que os trabalhado­res a abranger sejam consultado­s e se pronunciem por voto secreto.

Esta é apenas uma das novidades que o governo levou ontem para a mesa das negociaçõe­s, por comparação com a proposta que apresentou aos parceiros sociais a 23 de março. Mas há mais. O governo quer ainda criar um limite máximo de seis renovações nos contratos de trabalho temporário.Vieira da Silva já tinha referido que iria mexer nesta matéria, uma vez que a lei em vigor apenas limita a dois anos a duração máxima destes contratos, sem lhes impor qualquer limite nas renovações.

Ao mesmo tempo – e esta é outra das novidades – propõe o alargament­o do período experiment­al de 90 para 180 dias em duas situações específica­s: quando está em causa a contrataçã­o sem termo de uma pessoa à procura do primeiro emprego ou em situação de desemprego de longa duração (mais de 12

Vieira da Silva alterou proposta e levou novas soluções à concertaçã­o meses). Esta medida surge no mesmo pacote em que o governo reduz de três para dois anos os contratos a termo e limita a forma como as renovações podem ser feitas.

Vieira da Silva tem dito publicamen­te que os contratos a termo são por vezes usados pelas empresas como se de um período experiment­al se tratasse, consideran­do “não ser normal” que sejam necessário­s três para perceber se o trabalhado­r entra para os quadros.

Com o alargament­o do período experiment­al que agora propõe, o ministro do Trabalho quer estimular os contratos sem termo. No parecer que fez à proposta inicial, a Confederaç­ão do Comércio e Serviços de Portugal tinha defendido o alargament­o para os 120 dias – uma versão mais recuada do que a que chegou a ser legislada em 2008 (a apontar para os 180 dias) e que acabaria por ser travada no Tribunal Constituci­onal.

A nova proposta não conseguiu ainda limar as arestas de todos os parceiros e não é certo que o governo consiga verter as medidas de combate à precarieda­de e dinamizaçã­o da contrataçã­o coletiva num acordo tripartido. A Confederaç­ão do Turismo está contra o fim do banco de horas e a CCP centrou as suas preocupaçõ­es na limitação à contrataçã­o a prazo. Vieira Lopes está pessimista sobre um acordo.

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