Diário de Notícias

“É o disco mais espontâneo e rápido que fiz em toda a minha carreira. Só o comecei a escrever no final do verão”

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português no último Futuro Eu, de 2015.

“Quando se começou a falar deste aniversári­o, ainda durante o ano passado, disse logo que desejava era festejar à minha maneira, com música nova. É isso que me define como músico e por isso o melhor modo de começar estas comemoraçõ­es era com um disco novo, que olhasse para a frente e não para trás, até porque sou uma pessoa muito pouco nostálgica”, lembra David Fonseca, que compôs e gravou o disco num tempo verdadeira­mente recorde.

“É o disco mais espontâneo e rápido que fiz em toda a minha carreira. Creio que só o comecei a escrever no final do verão do ano passado.” Tudo começou, conta, “de forma muito específica”, depois de ter comprado “um sintetizad­or muito especial”, que o acompanhou para todo o lado – daí dizer, no interior do disco, que o mesmo foi “gravado em 20 casas diferentes: aviões, comboios, carros e quartos de hotel”, porque “foi isso mesmo que aconteceu”.

Uma realidade que também ajuda a explicar as 21 faixas, um número também ele pouco usual nos tempos que correm: “É de facto um álbum muito completo, porque estava sempre algo a acontecer e eu queria registar tudo isso. E mesmo assim ainda ficaram outras vinte de fora.”

O processo de composição ficou concluído em dezembro. No início do ano entrou em estúdio “para organizar as ideias” e no final de fevereiro já tinha o disco concluído. “Cheguei à editora e disse-lhes ‘tomem lá, têm aqui o disco feito’, que é algo que eu nunca faço, porque demoro sempre muito mais tempo.” Uma mudança de paradigma que muito lhe agradou: “No disco anterior demorámos muito tempo. Estive sete meses sentado em cima dele, à espera do momento certo e não gostei.”

Quanto aos novos temas, acredita que podem surpreende­r os fãs, mas sem os chocar. “Gosto muito daquilo que fiz no passado, mas também quero fazer coisas novas e isso acaba por ser um pouco contra a corrente, porque, com o passar do tempo, a maioria das pessoas apenas quer mais do mesmo. Dentro desse espetro tento sempre oferecer algo novo, que surpreenda, mas que ao mesmo tempo seja reconhecív­el. Depois, se as pessoas gostam ou não, se têm vontade de incluir estas canções nas suas vidas, isso já não depende de mim.”

Mais que fazer um balanço, David Fonseca prefere olhar para o futuro, pelo que se impõe a pergunta: Como espera estar daqui a mais 20 anos? “A fazer exatamente o mesmo. Se antes acreditava que ia fazer isto apenas durante algum tempo, agora posso afirmar, com quase toda a certeza, que nunca me vou reformar. Sempre pensei que, à medida que fosse envelhecen­do, me começaria a acomodar, mas aconteceu exatamente o contrário dessa situação e se continuar assim, daqui a dez ou vinte anos ainda vou arriscar muito mais. Quero ser como o [Bruce] Springstee­n, que continua a ser uma força da natureza. Não tem que ver com o tempo ou com a idade, é uma maneira de ser, que eu também tenho.”

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