O que se tem assistido, da patenteada violência ao infindável rol de suspeitas de corrupção, com as dinâmicas específicas que os envolvem, não são também separáveis das expressões antidemocráticas disseminadas na sociedade
pessoal, social e política não é de hoje. O que se tem assistido, da patenteada violência ao infindável rol de suspeitas de corrupção, com as dinâmicas específicas que os envolvem, não são também separáveis das expressões antidemocráticas disseminadas na sociedade. A exacerbação clubista tem-se assumido como factor de diversão e desvio dos reais problemas nacionais. A promoção da conflitualidade gratuita entre clubes, não raras vezes baseada no enfunar do populismo ou no incentivo ao ódio, são parte de um caldo onde se alimentam projectos que corporizam concepções fascizantes e que estão muito para lá de protagonismos individuais.
A paixão pelo espectáculo desportivo não é necessariamente factor de alienação, assim como o desporto de alta competição não é necessariamente contraditório com a prática generalizada do desporto pela população. O desporto é, ou deveria ser, essencialmente uma actividade cultural. No universo das suas expressões. Sem ostracização de modalidades. O futebol profissional não é todo o futebol e ainda bem menos todo o desporto. Do muito que há a fazer, comece-se pela responsabilidade do Estado, desde logo no que lhe caberia promover no plano do desporto escolar e da escola pública na formação de valores e comportamentos éticos, e no fomento do associativismo democrático, a que os órgãos de comunicação social sob tutela pública por maioria de razão se deveriam associar.