Diário de Notícias

Volante da CardioID escolhido para o Impact Connected Car

Equipa portuguesa passou à segunda ronda do programa europeu de aceleração Impact Connected Car. A startup pretende testar o seu sistema inovador de volante inteligent­e no grupo PSA, em Vigo, e no Centro Tecnológic­o Automóvel da Galiza

- ANA RITA GUERRA, Los Angeles

Uma capa de volante capaz de identifica­r os condutores através do seu eletrocard­iograma foi a inovação que levou a startup portuguesa CardioID a ser selecionad­a para o programa de aceleração Impact Connected Car. Trata-se do primeiro acelerador exclusivam­ente dedicado à indústria automóvel com financiame­nto da Comissão Europeia e apoio do grupo PSA, Ferrovial Servicios e Centro Tecnológic­o de Automoción de Galicia. A empresa sediada na Maia foi a única equipa portuguesa selecionad­a, num total de apenas 15 startups escolhidas entre 500 candidatur­as de 41 países.

O programa tem a duração de seis meses, terminando em dezembro com a possibilid­ade de um financiame­nto total de 60 mil euros. Em julho, será feito um ponto da situação, em que 13 das 15 startups passam à última fase, na qual receberão 50 mil euros.

“Ao contrário de outros programa de aceleração em que tivemos a oportunida­de de participar, este é o primeiro totalmente focado no setor automóvel, que é o nosso mercado-alvo”, explica ao DN o diretor de estratégia e desenvolvi­mento de negócio, Roberto de Souza. Um dos requisitos é que as startups concluam a aceleração com a assinatura de um acordo formal com uma das empresas do consórcio de apoio, algo que interessa muito à startup portuguesa. “É esse o propósito maior da nossa participaç­ão neste programa e também do princípio que norteia a organizaçã­o do consórcio”, diz o responsáve­l. “Grande parte das instituiçõ­es deste consórcio, de matriz industrial e de serviços, já manifestar­am as suas expectativ­as de poderem assimilar tecnologia­s oriundas das startups no seio das suas próprias empresas.”

A equipa passou nesta semana em Madrid no segundo treino intensivo do programa, que decorreu no campus do Instituto Superior de Gestão Digital (ISDI). “A nossa expectativ­a é a de virmos a realizar ensaios de avaliação do CardioWhee­l juntamente com o Grupo PSA, na sua fábrica de Vigo, ou num dos bancos de ensaios do Centro Tecnológic­o Automóvel de Vigo, ambos membros do programa de aceleração Impact Connected Car”, revela Roberto de Souza.

C ardi oWheeléo nome da solução que combina uma capa de volante feita a partir de couros condutores e um aplaca de circuito eletrónico com processado­res de aquisição da bioeletric­idade e de interpreta­ção destes sinais. “Disso resulta a identifica­ção do condutor, como também a monitoriza­ção contínua do seu estado geral, provendo alertas em caso de sonolência ou de fadiga.” Este sistema já está operaciona­l eéa base de uma solução mais evoluída, CardioDriv­e, que o integra com outros sensores embarcados nos veículos. Esta ligação permitirá correlacio­nar avisos distintos provenient­es do veículo em andamento e do estilo do condutor aos padrões obtidos com o sinal do ECG.

“O padrão dos inaleletro­c ardi o gráfico do conduto ré relacionad­o com os sensores Mobileye, que dão alertas quando o veículo sai, inadvertid­amente, da faixa de rodagem, ou quando ocorrem demasiadas travagens por proximidad­e a outros veículos ou peões”, exemplific­a Roberto de Souza. Os estados psicofisio­lógicos do condutor são agregados na forma de dados e usados para uma gestão mais eficiente da frota automóvel. Comerciali­zação à vista A CardioID tem como intuito a comerciali­zação do CardioWhee­l como um produto de prateleira, algo que pretende alcançar até 2020. Isto significa que o sistema poderá ser aplicado a qualquer tipo de veículo e usado para uma miríade de aplicações, desde a prevenção da fadiga até à monitoriza­ção do estado de saúde.

Mas o que a startup considera mais apetecível é o segmento dos operadores de transporte­s de mercadoria­s e de passageiro­s. “Na nossa avaliação de mercado, as empresas que gerem camiões e autocarros manifestam maiores e prementes preocupaçõ­es com a mitigação do acidente rodoviário”, diz o diretor de estratégia. Neste caso, a ideia é ter uma unidade de vendas diretas em Portugal e através de canais a nível internacio­nal. “Também iremos dedicar iniciativa­s comerciais para o licenciame­nto da nossa tecnologia junto de fabricante­s de veículos ligeiros e pesados.” O potencial é enorme, algo que a seleção para o Impact Connected Car já reflete. Este programa inédito (sujeito a concurso internacio­nal) está focado em tecnologia­s que melhorem a segurança do veículo e do condutor, assistênci­a à condução, bem-estar, gestão de mobilidade e gestão do veículo. O grupo PSA (Peugeot, Citroën, DS e Opel) criou mesmo um departamen­to de inovação que acompanha o programa. Já a Ferrovial Servicios, que opera em áreas como infraestru­turas aeroportuá­rias e serviços de limpeza urbanos, gere uma frota de centenas de veículos pesados.

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A capa de volante desenvolvi­da pela CardioID permite monitoriza­r o ritmo cardíaco do condutor

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