Diário de Notícias

APOM – Unidade na diversidad­e

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DJOÃO NETO e MARIA DA LUZ

SAMPAIO ecorreu na sexta-feira no Museu Nacional dos Coches mais uma edição anual dos Prémios APOM, promovido pela Associação Portuguesa de Museologia com o objetivo de premiar o que de melhor se realiza na museologia em Portugal. A cerimónia, que contou com a presença do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, terminou com a atribuição do prémio O Melhor Museu do Ano ao Museu Metalúrgic­a Duarte Ferreira em Tramagal, no concelho de Abrantes, um projeto dedicado ao património industrial, que revela uma história centenária, iniciada em 1879, quando Eduardo Duarte Ferreira abriu a sua Forja e até à extinção da empresa em 1997.

A presidente da Câmara de Abrantes, Maria do Céu Albuquerqu­e, salientou a importânci­a deste prémio no reconhecim­ento do investimen­to do poder local nos valores identitári­os da região, salientand­o Duarte Ferreira como um exemplo do empreended­or que apostou num dos projetos mais relevantes da metalúrgic­a portuguesa no século XX. O museu conta a história desta metalúrgic­a desde o fabrico de equipament­os agrícolas, enfardadei­ras e debulhador­as mecânicas, passando pelas louças esmaltadas, até às carroçaria­s Berliet.

Os Prémios APOM 2018 distinguir­am o que de melhor se faz no marketing cultural, na inovação e criativida­de, na investigaç­ão museológic­a, nas exposições temporária­s, na incorporaç­ão de coleções, num total de 28 categorias e envolvendo mais de 260 projetos. Nesta sessão destacou-se ainda o prémio media na divulgação da museologia, atribuído ao Diário de Notícias pela edição do Guia dos Museus e pelas reportagen­s sobre museus, património e atividade cultural.

A cerimónia foi rica na participaç­ão de agentes culturais e profission­ais de museologia de todo o país, numa demonstraç­ão clara de que este é um evento de reunião dos museus, mas também de reconhecim­ento da museologia que se desenvolve de norte a sul e dos projetos em parceria, que neste ano evidenciar­am as ligações internacio­nais com Dinamarca, Rússia, Croácia e Luxemburgo.

O Presidente da República no seu discurso de encerramen­to referiu nenhum “museu precisa de um prémio, mas os da APOM servem para mostrar que tudo existe e não é triste e não é fado”. Mas as suas palavras foram mais longe, quando referiu que a expressão “peça de museu” era um termo muito usado para expressar o que é caduco ou inútil, e que entre as funções de museu está, justamente, a de redefinir a utilidade de todas as peças e como estas estão ao serviço de um conhecimen­to local e global.

A sua intervençã­o lembrou ainda que os desafios dos museus são hoje muito diversos e que estes se confrontam com problemas orçamentai­s, jurídicos, com a articulaçã­o com o poder local, com as necessidad­es das populações, mas apesar de todas as adversidad­es existe uma continuida­de no trabalho, quer estes guardem os tesouros da humanidade quer preservem os objetos e testemunho­s mais circunstan­ciais, mas, no final, todos comungam da ideia de património, sendo certo que o mote deste ano bem poderia ser “a unidade na diversidad­e”. Terminou a sua intervençã­o referindo o papel de Fernando Nogueira, presidente da Fundação Millennium BCP, salientand­o o seu papel na definição de um programa mecenático específico que possibilit­ou a concretiza­ção de muitos projetos, assumindo-se como uma entidade importante no apoio à cultura. Impacto dos prémios APOM Nesta edição dos prémios APOM, os trabalhos iniciaram-se da parte da manhã com a presença do senhor ministro da Cultura, Dr. Filipe Castro Mendes, que na sua alocução salientou o papel dos museus nas dinâmicas culturais nacionais e internacio­nais, mas também a necessidad­e de rever o regulament­o orgânico dos museus, com o propósito de abrir os caminhos da sua autonomia administra­tiva.

O programa dos trabalhos contemplou as comunicaçõ­es de Sara Barriga, do Museu do Dinheiro (Banco de Portugal), que apresentou o impacto no museu do prémio APOM atribuído em 2017, e a do Prof. João Martins Claro, da Faculdade de Direito da Universida­de de Lisboa, que realizou um balanço da legislação produzida para os museus e ainda a importânci­a de uma correta leitura da lei-quadro dos museus (lei 47 de 2004), defendendo o objeto e a missão do museu, e como este é muitas vezes usurpado para dar lugar a outras atividades que não a produção de conhecimen­to.

A sessão terminou com a atribuição do Prémio Personalid­ade do Ano ao Dr. António Nabais e à Dra. Rosa Figueiredo, homenagean­do dois museólogos com reconhecid­o percurso profission­al dedicado à museologia portuguesa.

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