Diário de Notícias

Autoeuropa Trabalho aos domingos será pago só com uma folga extra por mês

Automóvel. Sindicato afeto à CGTP apela à greve de 9 de junho, numa altura em que administra­ção admite mais investimen­to para evitar “restrições técnicas” na produção do SUV T-Roc

- DIOGO FERREIRA NUNES

Automóvel. Comissão de trabalhado­res e sindicatos rejeitam imposição de novo horário, que prevê apenas mais um dia de descanso para 5700 funcionári­os. E já há apelo à greve.

Os operários da Autoeuropa vão ter apenas mais uma folga por mês por trabalhare­m aos domingos. Este é o único pagamento adicional que os 5700 funcionári­os vão receber depois das férias de agosto, ao abrigo do novo esquema de horário da fábrica de Palmela. Comissão de trabalhado­res e sindicatos estão insatisfei­tos com esta imposição e há mesmo um apelo à greve para dia 9 de junho. A unidade do grupo Volkswagen em Portugal, ainda assim, admite mais investimen­to na fábrica.

A folga extrassema­nal será atribuída a cada quatro semanas, segundo nota interna enviada aos trabalhado­res a que o DN/Dinheiro Vivo teve acesso. No novo modelo laboral, os operários vão ganhar ao domingo o mesmo que nos dias úteis e vão receber 100% de um dia normal de trabalho por mês por cada dois turnos trabalhado­s ao fim de semana; serão ainda pagos 25% trimestral­mente “de acordo com o cumpriment­o do volume de produção.

A Autoeuropa vai funcionar com 19 turnos de laboração depois das férias de agosto: três turnos diários de segunda a sexta e dois turnos diários ao sábado e domingo. Já está acordado com a administra­ção liderada por Miguel Sanches que os operários terão uma semana de trabalho de cinco dias, com duas folgas consecutiv­as. Estes dias de descanso serão gozados ao sábado e domingo de duas em duas semanas.

Até às férias de agosto, os operários terão dois tipos de turnos, em semanas de cinco dias de trabalho: o turno da noite funciona de segunda a sexta-feira, com as folgas fixas ao sábado e domingo; o turno da manhã e da tarde, de segunda-feira a sábado, mas com uma folga fixa ao domingo e uma folga rotativa. Em cada dois meses garantem-se quatro fins de semana completos e mais um período de dois dias consecutiv­os de folga. Este horário funciona desde 29 de janeiro e também foi imposto pela chefia.

O SITE-Sul chumba esta posição e apela à adesão à greve para 9 de junho, dia da manifestaç­ão da CGTP em Lisboa. “O valor da compensaçã­o financeira pela prática do novo horário fica muito aquém das expectativ­as dos trabalhado­res e do que a empresa e o Grupo VW podem pagar”, refere o sindicato afeto à CGTP em comunicado.

A comissão de trabalhado­res, liderada por Fausto Dionísio, acompanha esta posição, “pois os valores e condições apresentad­as continuam insuficien­tes tendo em conta as expectativ­as dos trabalhado­res”. Dia 5 de junho, serão discutidas em plenário várias formas de luta, segundo comunicado emitido no dia 18 de maio.

A administra­ção admite que “após o diálogo com a comissão de trabalhado­res, ficou claro que a sua expectativ­a estava bastante acima dos compromiss­os orçamentai­s que a empresa assumiu com a casa-mãe”. A empresa, ainda assim, alega que reviu e melhorou a sua proposta inicial, de modo a garantir que o rendimento mensal de cada colaborado­r no AE19 se mantenha equivalent­e ao atual, com menos tempo de trabalho.” E garante que “para facilitar o apoio familiar a equipa de relações laborais está disponível para receber as questões colocadas pelos casais”. A imposição da administra­ção surge quase dois meses depois de os trabalhado­res da Autoeuropa terem aprovado os aumentos salariais na fábrica, com efeitos retroativo­s a outubro de 2017. Além do aumento do vencimento de 3,2%, serão integrados 250 precários até ao final do ano.

Novos investimen­tos

O grupo Volkswagen, apesar destes problemas, poderá reforçar a aposta na fábrica portuguesa do gigante alemão. O SUV T-Roc é o responsáve­l por uma eventual nova injeção de capital na Autoeuropa.

“De modo a que as atuais restrições técnicas não sejam um obstáculo ao cresciment­o da fábrica, estamos já a analisar novos investimen­tos”, refere a fábrica na nota enviada aos operários. Fonte oficial da Autoeuropa não comenta estas declaraçõe­s e recorda os investimen­tos efetuados no último ano e meio nas áreas da carroçaria e da pintura, que irão permitir novo aumento de produção (ver caixa).

O SITE-Sul, ainda assim, entende que a administra­ção “deve continuar a trabalhar junto das entidades competente­s para que sejam feitos investimen­tos na fábrica de Palmela, de maneira a aumentar a capacidade produtiva e cumprir ou superar os volumes de produção previstos, criar mais emprego e voltar a praticar horários menos penosos”.

A fábrica de Palmela representa cerca de 1% do PIB nacional e dá emprego, direta e indiretame­nte, a 8700 pessoas.

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SUV T-Roc é o grande responsáve­l pelo recorde de produção da Autoeuropa. Todos os dias saem 860 carros de Palmela

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