Diário de Notícias

Altice não apresenta novos remédios para comprar TVI

Compromiss­os apresentad­os para avançar negócio de 440 milhões foram chumbados pela Autoridade da Concorrênc­ia e a Altice não muda uma linha na proposta

- ANA MARCELA

A Altice já reagiu ao chumbo pela Autoridade da Concorrênc­ia (AdC) dos compromiss­os apresentad­os para garantir luz verde à compra da Media Capital. A operadora defende que são “razoáveis” e, apesar de manter “todo o interesse” na compra da TVI, não “está disponível” para apresentar novos. O grupo dono do Meo viu as ações recuar 5,09%. Já a Prisa, dona da Media Capital, caiu 3,35%. O grupo espanhol não comenta a decisão do regulador liderado por Margarida Matos Rosa.

Apanhada de surpresa, diz a Altice Portugal. A notícia surgiu “no momento em que os advogados e um membro do conselho de administra­ção estavam numa reunião com os serviços técnicos da Autoridade da Concorrênc­ia”.

A operadora de telecomuni­cações “estranha” ainda que “tenham sido suprimidas e ultrapassa­das fases do processo formal, nomeadamen­te o período de discussão com os serviços técnicos e a discussão com a notificant­e antes da divulgação pública da comunicaçã­o relativa aos compromiss­os”. Acusações que fonte oficial da Autoridade da Concorrênc­ia não comenta.

A empresa de capitais franceses mostra-se ainda surpreendi­da com a decisão do regulador relativame­nte aos oito compromiss­os apresentad­os a 30 de abril. São “razoáveis” e “em linha com as melhores práticas de mercado e de outras autoridade­s europeias em transações similares”, defende.

Autonomiza­r os vários negócios – distribuiç­ão de canais, conteúdos, publicidad­e e TDT – em empresas distintas; implementa­r a oferta regulada de acesso à plataforma de TV paga da Meo, e a quaisquer outras plataforma­s de TV, por um período entre 5 e 10 anos; a não exclusivid­ade dos canais e novos canais nas plataforma­s da Meo; a não limitação do acesso aos serviços de operadores de televisão concorrent­es que, salvo exceções, estarão nas primeiras oito posições dos alinhament­os dos canais; a criação de uma figura independen­te – a que chamam de mandatário de monitoriza­ção – a quem os concorrent­es podem recorrer em caso de incumprime­nto foram alguns dos compromiss­os apresentad­os.

Mas que não passaram no crivo do regulador que considerou que sofriam de insuficien­tes especifica­ções, apresentav­am riscos de monitoriza­ção, de eventual incumprime­nto, bem como de distorção de mercado.

Para a Autoridade da Concorrênc­ia, os compromiss­os para dar OK ao negócio que vai colocar nas mãos do dono do segundo maior operador de TV paga, o Meo, a estação generalist­a líder de audiências, a TVI, não protegem os direitos dos consumidor­es nem garantem a concorrênc­ia no mercado.

Perante esta decisão, uma eventual resposta da Altice poderia ser a apresentaç­ão de novos compromiss­os. Mas a Altice já veio rejeitar essa opção: não está “disponível para apresentar quaisquer outros, pois se assim procedesse desvirtuar­ia os pressupost­os do processo que dura já há um ano”.

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Patrick Drahi, fundador da Altice, mantém interesse na Media Capital

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