Diário de Notícias

Investidor­es temem que se esteja a “poucos passos” de nova crise de dívida

Juros de dívida da Itália dispararam e causaram pânico. Analistas avisam que próximos tempos não vão ser fáceis. Bolsa de Lisboa ressente-se e perde 4000 milhões em cinco dias. Juros portuguese­s tocaram em máximos de seis meses

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MERCADOS

RUI BARROSO e a dívida. Esse impacto foi mais visível nas taxas das obrigações italianas. No prazo a dois anos foi um dos piores dias de sempre. Nem nos dias de maior pânico da crise de 2011-2012 houve um agravament­o tão elevado. O juro exigido pelos investidor­es para comprarem dívida italiana a dois anos mais que duplicou para 2,55%. A bolsa de Milão perdeu 2,65%. Os grandes bancos lideraram as quedas.

E o pânico alastrou. O euro perdeu mais de 0,50% face ao dólar. A bolsa portuguesa não escapou e cedeu 2,61%. Leva já uma desvaloriz­ação de 7,20% em cinco sessões. Eclipsaram-se 4,07 mil milhões de valor de mercado. O BCP foi o mais afetado, já que a banca é o setor mais sensível à saúde dos soberanos. Desvaloriz­a mais de 15% naquele período, encolhendo 655 milhões. A dívida portuguesa também se ressente. A taxa a dez anos subiu ontem de 2,07% para 2,19%. Chegou a atingir o valor mais alto desde outubro do ano passado.

E há avisos de que este cenário de instabilid­ade não deverá terminar tão cedo. Apesar da decisão de Mattarella garantir um líder do governo a favor da permanênci­a na zona euro, os analistas salientam que isso não passa de uma solução de curto prazo e que até pode reforçar as intenções de voto nos partidos antissiste­ma. “Com muito poucas perspetiva­s de um desfecho diferente noutras eleições, os receios dos mercados têm pouca probabilid­ade de serem acalmados”, alertou o banco RBC Capital Markets.

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