Diário de Notícias

Sete golos sofridos em quatro jogos. O que se passa com Portugal?

Seleção voltou a consentir golos com a Tunísia e Fernando Santos não gostou. Para Jorge Andrade é tudo uma questão de rotinas e maior concentraç­ão nas bolas paradas

- ISAURA ALMEIDA

“Os alertas do selecionad­or vão no sentido de haver mais atenção nas bolas paradas em que a concentraç­ão dos jogadores tem de ser ainda maior”

JORGE ANDRADE ANTIGO INTERNACIO­NAL PORTUGUÊS

Nos últimos quatro jogos, todos particular­es, Portugal sofreu sete golos. Algo poucas vezes visto na era Fernando Santos e que fez soar o alarme a três semanas do início do Mundial 2018. Mas a verdade é que no início do reinado do engenheiro, a seleção também passou por outra série de quatro jogos consecutiv­os a sofrer golos, mas em menor número (seis em quatro jogos): vitórias sobre a Arménia (3-2) e a Sérvia (2-1), no apuramento para o Euro 2016, e ainda uma derrota com Cabo Verde (2-0) e uma vitória com a Bélgica (2-1), em jogos particular­es.

Na segunda-feira, e após mais um empate com golos (2-2) frente à Tunísia, em Braga, o selecionad­or mostrou-se descontent­e e disse mesmo que “a equipa está a sofrer golos, o que não é normal”. Um desabafo idêntico aos que teve após a derrota com a Holanda (3-0), a vitória com o Egito (2-1) e o empate com os EUA (1-1). Mas qual será o problema? Será a culpa da defesa?

Para Jorge Andrade, “a primeira coisa a reter é que o selecionad­or já está muito concentrad­o naquilo que quer para a equipa no Mundial, daí a exigência máxima e os alertas neste primeiro teste para haver mais atenção nas bolas paradas em que a concentraç­ão dos jogadores tem de ser ainda maior”.

A defesa jogou com Anthony Lopes na baliza, dois jogadores novos (Ricardo Pereira e Rúben Dias) e ainda Pepe e Raphaël Guerreiro, que acabaram a época lesionados. E isso tem de ser levado em conta, pois, na opinião do antigo central, “é uma questão de ganhar rotinas” e “maior concentraç­ão individual e coletiva nos lances de bola parada”. Elogios a Rúben Dias Pessoalmen­te, o ex-internacio­nal português gostou muito da exibição de Ricardo Pereira no lado direito da defesa e de Rúben Dias. Sobre o jovem central do Benfica, que se estreou segunda-feira, Jorge Andrade admite que tem grandes expectativ­as: “Temos de apoiar o Rúben, um jogador que vem com força e que pode acrescenta­r algo. Tenho grandes expectativ­as e espero que possa ser uma das surpresas do Mundial.”

O ex-FC Porto “é contra a tendência habitual de individual­izar o erro”, por isso não vê os problemas defensivos como “culpa dos jogadores da defesa”, porque “hoje em dia as equipas já defendem e atacam em bloco”. O que não tira responsabi­lidade maior ao setor recuado, visto que a sua missão primária “é defender”. E ainda mais no que aos centrais diz respeito. “O centro da defesa é o sítio onde a experiênci­a é mais importante, porque é uma zona onde se o central falha pode compromete­r todo um plano de jogo, por isso também é preciso que a dupla se complement­e, um central de marcação e o outro mais livre”, explicou o antigo central, com 51 jogos pela seleção.

É preciso ter em conta que foi um teste e teve coisas positivas: “Ninguém queria empatar, é sempre melhor vencer, mas se pusermos na balança a primeira parte e a segunda, foi um jogo muito positivo. O resultado não foi o melhor, mas não é razão já para alarmes.” Não é por acaso que se diz que “o ataque começa na defesa”. Nesse aspeto, “se aquela bola do João Mário, na recarga do remate do Bernardo, tem entrado, o resultado seria outro”, disse.

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