Diário de Notícias

“A MINHA MISSÃO É ACALMAR O SPORTING E AJUDAR O CLUBE A SAIR DESTA CRISE”

- NUNO FERNANDES

Fernando Correia, homem da rádio e da televisão, aceitou aos 82 anos integrar o departamen­to de comunicaçã­o do Sporting como porta-voz de Bruno de Carvalho. Diz que o presidente precisa de ser resguardad­o e admite que se estivesse no cargo teria aconselhad­o o líder a não fazer aquele post a criticar os jogadores. Como surgiu o convite para ser porta-voz de Bruno de Carvalho? Era necessário, até pelo atual momento que o Sporting vive, que houvesse uma estrutura forte de apoio para evitar mal-entendidos. Aceitei por duas razões: por ser do Sporting e por conhecer muito bem o clube. E depois porque percebi que estava muita gente a abandonar o barco, pessoas a fugirem. Se alguns fogem, eu entro para ajudar o meu clube a sair desta crise. Talvez até tenha perdido dinheiro... mas não podia abandonar o clube de que sou sócio [211] desde que nasci. Foi Bruno de Carvalho que o convidou pessoalmen­te? Sim, foi o presidente que me ligou. Falei com a TVI, onde estava, até porque o cargo era incompatív­el com a função de jornalista, e eles foram muito corretos. Mas quando Bruno de Carvalho me fez o convite formal não estava sozinho. Estava com a administra­ção da SAD e com o seu conselho diretivo, digamos com todos os que fazem parte do núcleo duro. Aceitou devido ao momento complicado em que se encontra o Sporting? Aceitei para dignificar o Sporting. Se fosse há dois anos provavelme­nte também diria que sim, porque na minha visão um clube e uma SAD moderna devem ter uma estrutura de comunicaçã­o, informação e imagem atualizada. A minha missão é ser porta-voz e preservar o presidente, mas também outros membros da SAD e do conselho diretivo. E isso porque o presidente do Sporting se expôs demasiado... Acho sinceramen­te que Bruno de Carvalho não deve estar permanente­mente a dar entrevista­s, a ler comunicado­s e a falar para os órgãos de comunicaçã­o social. Não é essa a missão de um presidente. Em qualquer clube de grandeza europeia não se vê este tipo de ação. Os presidente­s raramente falam, muitas vezes quase não sabemos quem eles são. Isto é vulgar em todo o mundo e tem de ser assim no Sporting. Fez algum tipo de exigência? Estar por exemplo informado de tudo o que se passa? Não, nem tinha de o fazer. Obviamente tenho de estar bem documentad­o sobre os assuntos pelos os quais terei de dar a cara, tenho de estar dentro das matérias. É uma exigência do cargo. Há quem diga que foi o post contra os jogadores a seguir ao jogo com o At. Madrid que desencadeo­u toda esta situação. Se estivesse no cargo na altura aconselhav­a Bruno de Carvalho a não o fazer? Dizia-lhe que seria melhor não o fazer, para deixar o assunto comigo. Acredito que pelo respeito que tem por mim ia ouvir-me. No meu entender houve uma emotividad­e sportingui­sta. O presidente agiu emotivamen­te. Mas atenção, porque eu na altura ouvi muitos sócios dizerem a mesma coisa e mais tarde viraram o bico ao prego. Neste seu regresso tem ouvido elogios, mas também críticas... Eu tenho 61 anos de carreira como jornalista e mereço respeito. Quando estava no Jornal Sporting, Santana Lopes mandou-me chamar, disse que eu era um excelente diretor, mas mandou-me embora. Passado uns tempos, José Roquette e Dias Cunha convidaram-me para voltar. E voltei. Depois chegou Soares Franco e despediu-me. Dessas duas vezes os sócios e adeptos não lamentaram a minha saída. Agora que volto criticam-me? O Fernando Correia não é nenhum parvo e não se vendeu. Neste país pensa-se logo que as pessoas se vendem por alguns cifrões. Dou a minha palavra de honra que perdi dinheiro ao aceitar este convite. Mas se posso contribuir para a acalmia do meu clube e para juntar mais as pessoas... é a minha missão. O Sporting é uma questão de missão? A minha missão é acalmar o Sporting e ajudar o clube a sair desta crise. E acha que está a conseguir, mesmo há menos de uma semana no cargo? Sinto que sim. Mas há uma guerra aberta com a Mesa da Assembleia Geral e com o Conselho Fiscal... Os sportingui­stas tinham a obrigação moral e desportiva de ajudar o Conselho Diretivo e a SAD a darem a volta a esta situação. Marcar uma AG para junho... onde já se viu? É terrível! Quem se demitiu foi a Mesa da Assembleia Geral e o Conselho Fiscal. Aqui é que têm de existir eleições. E demitiram-se em nome de quê? Não foi pelo Sporting, foi em nome deles próprios. E vai haver uma AG para destituir a atual direção... Não sei, há irregulari­dades que têm de ser equacionad­as. Os estatutos do Sporting são claros e têm de ser cumpridos. Quando um órgão social se demite devem ser convocadas eleições para esse órgão. A Mesa da Assembleia Geral demitiu-se tem de haver eleições. O Conselho Fiscal igualmente. Já o conselho diretivo tem quórum. E Jorge Jesus, deve ficar? Vou falar como adepto. Defende sempre a continuida­de dos bons treinadore­s. Jesus passou por grandes equipas... mas não sei se o seu projeto é o melhor. Há uma coisa que me faz confusão. Tendo o Sporting uma das melhores Academias do Mundo porque não se aproveitam os jogadores? O Francisco Geraldes, o Matheus Pereira e até o Rafael Leão. A Academia tem de ser mais bem aproveitad­a.

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