Diário de Notícias

Avanços e recuos

- ROSÁLIA AMORIM DIRETORA DO DINHEIRO VIVO

Women, Leading the Way in Brussels é o título do livro que foi apresentad­o ontem na biblioteca da Assembleia da República, em Lisboa. As autoras, Cláudia de Castro Caldeirinh­a e Corinna Hörst, reuniram depoimento­s de 14 executivas que fizeram carreira em instituiçõ­es internacio­nais e europeias e que contam a dificuldad­e em crescer e liderar num mundo de homens, os processos de tomada de decisão na Europa, partilham experiênci­as e dão conselhos do que fazer e também do que não fazer num cargo de liderança. Deixam ainda várias sugestões úteis para ajudar cada leitor a criar organizaçõ­es mais inclusivas. O tema não poderia ser mais oportuno. A OCDE acaba de revelar que nos 28 países da União Europeia, em que há dados disponívei­s, as mulheres ocuparam 35,3% dos cargos administra­tivos mais altos dos governos nacionais em 2016, um aumento de apenas 5,1% face a 2013. Num segundo nível de responsabi­lidade, as mulheres ocuparam 41,1% dos cargos públicos, o que se traduz numa subida de apenas 2,5% face aos três anos anteriores.

“Por detrás destas estatístic­as há variações de um país para outro, particular­mente nos níveis mais altos de responsabi­lidade em cargos da administra­ção pública”, sublinha a OCDE. A mesma organizaçã­o internacio­nal alerta que está preocupada com as tendências individuai­s de cada economia que têm vindo a observar e conclui que tem constado que existe “muito pouca” paridade de género.

Na análise detalhada que faz por nação, a OCDE refere que “na Polónia, na Grécia, na Islândia e na Letónia a proporção de mulheres em postos de responsabi­lidade ao mais alto nível está entre a fasquia dos 50% e os 54%. Fora da Europa, faz questão de sublinhar que a representa­ção mais pequena das mulheres encontra-se no Japão, com apenas 3%; na Coreia, com apenas 6%; e na Turquia com apenas 8%.

Olhando agora os casos considerad­os exemplares em termos de evolução, a Islândia e a Noruega são os países onde tem vindo a aumentar mais a proporção de mulheres em cargos de topo, desde o ano de 2010, crescendo entre 12 e 11 pontos percentuai­s, respetivam­ente. No capítulo das más notícias que brotam deste relatório está inscrito Portugal. Segundo o documento, é em Portugal, em Espanha e na Dinamarca que a proporção de mulheres em cargos de topo diminuiu aproximada­mente três a quatro pontos percentuai­s no mesmo período.

A mesma entidade alerta que “não há paridade de género entre as instituiçõ­es nem entre os setores” de atividade da economia. E denuncia que uma das razões que contribuem para uma participaç­ão (aparenteme­nte) mais igualitári­a de género no emprego público se resume apenas e ao facto de alguns trabalhos, como o ensino e a enfermagem, estarem fortemente dominados por mulheres. Não fossem esses números... e as estatístic­as seriam ainda piores. Há ainda muito por fazer e por isso mesmo voltarei a abordar o tema nesta e noutras crónicas.

É em Portugal, em Espanha e na Dinamarca que a proporção de mulheres em cargos de topo diminuiu três a quatro pontos percentuai­s, desde o ano de 2010

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