“Há poucas empresas a entrar”
HANS-JOACHIM
BÖHMER
DIRETOR EXECUTIVO
DA CCILA
Que tipo de empresas alemãs investem em Portugal? As que geram mais empregos são as industriais. Produzem em Portugal mas exportam quase toda a produção. Um caso típico é a Autoeuropa, que exporta 98% ou 99% do que produz. No geral, as empresas alemãs continuam a investir, mas neste momento há poucas novas empresas a vir para Portugal. Em compensação, hoje, as empresas alemãs têm uma produção com um valor acrescentado bem maior do que tinham há 20, 30 ou 40 anos. A Bosch é um bom exemplo de uma empresa que criou atividades de alto valor acrescentado, como investigação e desenvolvimento, que era algo que no passado as empresas alemãs não faziam Por que motivo há menos empresas a investir? Empresas industriais quase não entram em Portugal, houve muito poucas nos últimos anos. As que cá estão mantêm-se e investem em capacidades maiores ou mais modernas. Mas o investimento alemão existe. Há empresas de serviços que estão a entrar agora, nomeadamente empresas médias e pequenas do setor da tecnologia. Mas o investimento tem pouca expressão nos balanços. Para uma Volkswagen fazer cá uma fábrica com quatro ou cinco mil colaboradores vai precisar de muitas máquinas e edifícios. O investimentos em ativos é muito grande. Mas se uma empresa vem cá para desenvolver software precisa de um escritório e pouco mais. No que toca à criação de valor acrescentado isso é muito bom, mas em termos de investimento, dinheiro trazido da Alemanha, é relativamente pouco. As empresas industriais alemãs estão a optar por outros países? Sim, tem que ver com o desenvolvimento histórico da Europa. A vaga de investimento industrial dos anos 1970 e 1980 em Portugal foi muito grande porque nessa altura o Leste Europeu estava fechado. Depois de cair o muro houve muito investimento para lá porque a distância geográfica era mais curta e a mão-de-obra mais barata.