Diário de Notícias

Uber Eats e Glovo: “Pagam uma miséria e nem dá para refeições”

Sindicato denuncia condições muito precárias de trabalho nas multinacio­nais de entrega ao domicílio: 1,35 euros por cada entrega sem ordenado-base

-

VALENTINA MARCELINO Na sua página da internet, a Glovo pede um “sorriso de orelha a orelha” e promete “uma forma divertida de trabalhar” aos candidatos a distribuid­ores da multinacio­nal espanhola de entregas ao domicílio. Mas, pela descrição do Sindicato dos Trabalhado­res da Indústria Hoteleira do Norte (STIH-N), os glovers (como a Glovo designa os seus trabalhado­res) não terão muitos motivos para a boa disposição. Nem eles nem os concorrent­es norte-americanos da Uber Eats, outra recente rede de entrega de refeições que está a operar em Portugal.

“As condições remunerató­rias são diferentes de empresa para empresa, mas a todos eles, depois de pagarem os impostos, resta-lhes uma miséria que não dá sequer para tomarem as suas refeições diárias”, declara o sindicato em comunicado, no qual apela à “interfora venção urgente da Autoridade para as Condições de Trabalho”. O presidente desta estrutura sindical, Francisco Figueiredo, sublinha que “as condições de trabalho oferecidas as estes trabalhado­res são muito piores do que as garantidas pelas demais marcas, como é o caso da Pizza Hut e da Telepizza”.

De acordo com o que o sindicato conseguiu apurar, a remuneraçã­o limita-se a 1,35 euros por entrega, a que se soma um valor de 0,88 cêntimos por quilómetro. O transporte é do próprio (que pode ser bicicleta, moto ou automóvel) e a gasolina também por conta do trabalhado­r. “Foi impossível conseguir ter uma média diária de remuneraçõ­es, pois a variação depende de tantos fatores, que é muito complicado.” No caso citado da Pizza Hut ou da Telepizza existe uma remuneraçã­o fixa, que pode ir do salário mínimo a 635 euros mensais, dependendo da antiguidad­e da pessoa, a que se soma o direito à refeição, bem como um valor extra por entrega, de 50 cêntimos, tal como os outros direitos previstos para trabalhado­res com contratos de trabalho por conta de outrem.

De acordo com um “levantamen­to da situação dos trabalhado­res” na Glovo e na Uber Eats, realizado pelo STIH , filiado na CGTP-IN, a precarieda­de extrema expressa-se logo à partida pelo facto de estes trabalhado­res, a maior parte jovens desemprega­dos ou estudantes, “não ter qualquer salário-base,

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal