Greve nos comboios “terá grande impacto”
Não foram decretados serviços mínimos nem há transportes alternativos
Efeitos da greve começaram a sentir-se ontem A greve dos trabalhadores ferroviários da CP, Medway e Takargo, agendada para hoje, já provocou efeitos ontem na circulação com a supressão de comboios. De acordo com José Luís Sousa, passageiro que ontem de manhã comprou um bilhete no Entroncamento com destino a Castelo Branco “sem qualquer aviso” por parte do funcionário da bilheteira de transtornos na circulação, foram, pelo menos, três comboios suprimidos naquela estação, dois intercidades e um regional.
“Comprei um bilhete para um comboio regional que iria acontecer daí a uma hora e não tive qualquer tipo de aviso de que havia problemas na circulação. O comboio para Castelo Branco chegou a ser anunciado, mas era ‘fantasma’ já que não havia composição nenhuma na linha”, disse. José Luís Sousa explicou que, entretanto, começaram a existir anúncios repetidos na estação de perturbações na circulação “por motivos de greve” e, no entanto, continuavam a passar gravações de que os comboios iam sair da linha. O passageiro acrescentou que na estação do Entroncamento se encontravam várias pessoas que tinham comprado já hoje bilhete em Lisboa e as quais também não tinham sido alertadas para quaisquer constrangimentos nas ligações.
José Manuel Oliveira, coordenador da Federação Sindical dosTransportes e Comunicações, uma das seis estruturas envolvidas na greve, explicou a “imprevisibilidade” de se saber quantos comboios estão a ser suprimidos “por não se conhecerem as escalas”. “É possível que aqueles trabalhadores em viagens de longo curso já estejam abrangidos pela greve, dado que têm de pernoitar fora da sede [do seu local de trabalho], já que tinham de fazer o retorno”, disse. Sem justificação, diz governo Os trabalhadores ferroviários da CP, Medway e Takargo vão estar hoje em greve contra a possibilidade de circulação de comboios com um único agente. Os sindicatos subscritores do pré-aviso de greve preveem que a paralisação tenha “um grande impacto na circulação de comboios” e a CP admite que deverão ocorrer “fortes perturbações na circulação”. A CP lembra que não foram definidos serviços mínimos, e que não serão disponibilizados transportes alternativos.
O governo diz que a greve na CP “não tem justificação material” e explica que os sindicatos marcaram a paralisação contra um regulamento que existe desde 1999, que nunca foi alterado e nem vai ser. “O governo não fez nenhuma alteração nestes dois anos e meio e não conta fazer nenhuma alteração”, disse aos jornalistas o secretário de Estado das Infraestruturas, Guilherme d’Oliveira Martins.