Sánchez herda agenda Rajoy e recebe presidente ucraniano
Petro Poroshenko já tinha encontro marcado com Rajoy. Sánchez falou no sábado ao telefone com António Costa e os dois socialistas combinaram reunir-se muito em breve
Pedro Sánchez fez cair Mariano Rajoy do poder na sexta-feira, tomou posse no sábado como novo primeiro-ministro espanhol e hoje começa a cumprir a agenda que herdou do antecessor, ao mesmo tempo que prepara a formação de um governo próprio (ao que tudo indica será um executivo apenas do PSOE, ou seja, minoritário).
O primeiro líder a ser recebido pelo novo chefe do governo espanhol é o presidente da Ucrânia. Petro Poroshenko, que também será recebido pelos reis de Espanha no Palácio da Zarzuela, desloca-se ao país numa altura sensível da política espanhola, mas também de grande tensão entre ucranianos e europeus e a Rússia (ver mais no texto da página 23).
Ao longo do ano, o líder do PSOE irá, em quatro ocasiões, a Bruxelas. Nos dias 28 e 29 deste mês, participará no Conselho Europeu, pela primeira vez na qualidade de primeiro-ministro de Espanha. Esta ci- meira tem na agenda o tema do futuro da integração económica e monetária na União Europeia, o qual voltou a adquirir nova importância com a recente crise governativa em Itália. Em outubro e dezembro haverá novas cimeiras de chefes do Estado e do governo da UE. No último mês do ano, Sánchez, em substituição de Rajoy, será o primeiro-ministro convidado a ir discursar ao Parlamento Europeu, em Estrasburgo, sobre o futuro da Europa.
“A sua indigitação ocorre num momento de desafios para a UE. A unidade europeia é agora mais necessária do que nunca. Acredito que você e o seu governo irão desempenhar um papel construtivo na União Europeia”, escreveu o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, numa carta enviada a Sánchez e divulgada em Bruxelas.
“Acredito que o governo espanhol continuará a contribuir de forma construtiva para uma Europa mais forte, unida e justa. Este é um desafio que enfrentamos juntos e tenho plena confiança no seu compromisso com o projeto europeu, no qual Espanha desempenha um papel muito importante”, escreveu por sua vez o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, na carta de felicitações dirigida ao novo líder do governo espanhol.
A 11 e 12 de julho, Sánchez terá a oportunidade de se cruzar com o presidente dos Estados Unidos. Donald Trump estará em Bruxelas na cimeira de chefes do Estado e do governo da NATO. Foi em Espanha, na base de Rota, que foi montado o sistema antimíssil norte-americano Aegis no quadro da Aliança Atlântica. Segundo notícias recentes do El País, a base de Rota iria substituir Northwood como um dos cinco quartéis-generais operacionais da UE após a saída do Reino Unido (brexit).
Para além do já agendado, falta ver se Sánchez vai a Marrocos, cumprindo a tradição de que a primeira viagem ao exterior de um novo chefe do governo espanhol é ao vizinho do outro lado do Mediterrâneo. Também Portugal e França costumam fazer parte dos primeiros a ser visitados pelos novos primeiros-ministros de Espanha.
Sánchez e o seu homólogo português, António Costa, falaram no sábado ao telefone e combinaram encontrar-se o mais breve possível, disse fonte do gabinete do primeiro-ministro à agência Lusa. Isso significaria depois de Sánchez formar governo em Espanha e de Costa regressar das deslocações que tem neste mês aos Açores e aos EUA, de acordo com a mesma fonte. Na sexta-feira Costa felicitou logo Sánchez: “Que, com o seu governo, as relações entre Portugal e Espanha continuem a melhorar.”