Diário de Notícias

JESUS QUER ASSINAR COM SAUDITAS ANTES DE NEGOCIAR RESCISÃO COM O SPORTING

Treinador recebeu proposta da SAD leonina para resolver o contrato, mas só se pronunciar­á após concluir conversas com o Al-Hilal

- CARLOS NOGUEIRA e NUNO FERNANDES

O futuro de Jorge Jesus não passa pelo Sporting e os próximos dias vão ser decisivos para o desfecho deste processo, que, ao que tudo indica, irá conduzir o treinador de 63 anos a uma aventura na Arábia Saudita, com destino ao Al-Hilal, interesse noticiado em primeira mão pelo DN a 9 de maio.

Há muito que os responsáve­is do Al-Hilal tentam convencer Jesus a aceitar uma proposta milionária, a rondar os sete milhões de euros limpos por uma época, mas as negociaçõe­s só agora estão no início, de acordo com fonte próxima do técnico. Em simultâneo, o treinador recebeu na sexta-feira uma proposta do Sporting para a rescisão do contrato que é válido por mais uma temporada, mas este é um assunto sobre o qual Jesus e os seus advogados apenas se vão debruçar após a conclusão das conversaçõ­es com os sauditas, segundo a mesma fonte.

O ponto final numa ligação iniciada em julho de 2015 é algo em que treinador e Sporting estão em sintonia. Aliás, Jesus já comunicou isso mesmo numa conversa telefónica com Augusto Inácio, poucos dias após este ter reassumido o cargo de diretor-geral para o futebol, tendo o treinador deixado bem claro que pretendia uma saída amigável de Alvalade, estando por isso disponível para negociar os termos da rescisão, descartand­o desde logo a hipótese de pagar uma verba compensató­ria.

Nesse sentido, se os leões exigissem uma indemnizaç­ão – num total de cerca de 7,8 milhões de euros brutos, correspond­entes aos salários da época que falta cumprir –, Jesus avançaria com um pedido de rescisão por justa causa, tal como fizeram Rui Patrício e Daniel Podence, na sequência das agressões de Alcochete, das quais também foi vítima. Sem cláusula antirrivai­s A proposta que o Sporting apresentou ao técnico na sexta-feira vai precisamen­te no sentido de não haver o direito ao pagamento de indemnizaç­ões de parte a parte, mas também não contempla qualquer cláusula antirrivai­s, algo que, desde o início, o treinador se mostrou indisponív­el para aceitar.

A cláusula antirrivai­s tem sido um hábito nas rescisões do Sporting com jogadores e treinadore­s. O acordo com Marco Silva, que numa primeira fase chegou a ser despedido com justa causa, continha uma cláusula que o impedia de assinar por FC Porto ou Benfica durante dois anos. No caso de Leonardo Jardim, a SAD do Sporting incluiu uma cláusula que impedia o técnico madeirense de assinar por qualquer um dos rivais num prazo de quatro temporadas, ou seja, até 2017-18. Ricardo Sá Pinto na calha Com esta proposta a Jesus, o Sporting procura acelerar o processo de rescisão contratual, até porque tem de resolver o dossiê “treinador” para a próxima época, que ao que tudo indica será Ricardo Sá Pinto, que já fez saber à SAD leonina que só aceita conversar depois de resolvida a saída de Jorge Jesus.

A acontecer será o regresso de um símbolo dos adeptos enquanto jogador. Em Alvalade Sá Pinto também foi diretor desportivo em 2009-10, tendo duas épocas depois iniciado a sua carreira de treinador principal nos juniores do Sporting. Ainda nessa época foi promovido à equipa principal para render Domingos Paciência, tendo conduzindo a equipa às meias-finais da Taça UEFA, onde foi eliminado pelo Athletic Bilbau. Foi despedido em 2012-13 após nove jogos. Conversaçõ­es ainda no início A confirmar-se a saída de Jesus para o Al-Hilal, esta será a primeira experiênci­a no estrangeir­o do treinador em quase 30 anos de carreira.

O técnico sempre disse que não estaria recetivo a ir para o Médio Oriente, para um clube sem grandes objetivos desportivo­s e apenas por uma questão financeira. Mas o facto de entender que não tem condições de continuar em Alvalade, devido à relação deteriorad­a com o presidente Bruno de Carvalho e às agressões de que ele e os jogadores foram alvo em Alcochete, fazem-no ponderar aceitar uma aventura no Al-Hilal, mas só por uma época, para que no próximo ano possa voltar à Europa.

Ao que DN apurou junto de fonte próxima do treinador, as negociaçõe­s com o Al-Hilal estão ainda no início, havendo muito para discutir, sendo certo que o técnico continua renitente a mudar-se para a Arábia Saudita, embora tenha consciênci­a de que não lhe restam mais alternativ­as. Assim sendo, neste momento, a prioridade de Jesus é concluir as negociaçõe­s com os sauditas para um eventual vínculo e só depois analisar os termos para a rescisão que lhe foram propostos pelo Sporting.

Está à beira do fim a ligação de Jesus aos leões, que teve início no verão de 2015, quando foi apresentad­o em Alvalade como um grande trunfo de Bruno de Carvalho, após ter conquistad­o três títulos de campeão pelo Benfica. Em três épocas de leão ao peito, o técnico conquistou apenas uma Supertaça (no primeiro jogo oficial) e uma Taça da Liga já nesta época. A 14 de maio, um dia antes da invasão da Academia, Jesus terá sido informado por Bruno de Carvalho de que estava despedido e suspenso, algo que foi confirmado na carta de rescisão de contrato de Rui Patrício mas que ontem foi negada pelo Sporting em comunicado.

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As relações tensas entre Jorge Jesus e Bruno de Carvalho são um dos motivos para o divórcio que está à vista

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