Diário de Notícias

Contratado­s só metade dos enfermeiro­s que saem

Centro Hospitalar do Algarve perdeu 36 enfermeiro­s para centros de saúde, que só foram substituíd­os por 19

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PEDRO VILELA MARQUES Os hospitais do Algarve só conseguira­m contratar metade dos enfermeiro­s que saíram neste ano para centros de saúde. O centro hospitalar adiantou ao DN que 36 profission­ais abandonara­m os serviços no âmbito de um concurso lançado pela Administra­ção Central do Sistema de Saúde, tendo entrado 19, uma percentage­m semelhante a outras unidades do país, como Santa Maria.

A esta quebra no número de enfermeiro­s vai somar-se o impacto da entrada em vigor da lei das 35 horas para toda a classe a 1 de julho, alerta a ordem, precisamen­te quando começa o período de maior pressão sobre os serviços de saúde algarvios, em que a população na região duplica. “Houve agravament­o da situação com o concurso da ACSS. Com a passagem dos enfermeiro­s das 40 para as 35 horas, a situação vai piorar, pedia-se cautela para preparar essa mudança, porque já havia um grande desfalque de enfermeiro­s e outros técnicos. Nem as baixas de longa duração são compensada­s”, aponta Sérgio Branco, presidente da Secção Sul da Ordem dos Enfermeiro­s. Preocupaçõ­es partilhada­s pelo responsáve­l da Ordem dos Médicos na região, Alexandre Valentim Lourenço, que detalha que com a entrada em vigor das 35 horas a necessidad­e de profission­ais aumenta 12%.

Questionad­o pelo DN sobre a preparação do próximo período de verão, tendo em conta as limitações de enfermeiro­s relatadas pelos profission­ais, o Centro Hospitalar Universitá­rio do Algarve (CHUA) respondeu que, para acomodar a passagem das 40 para as 35 horas, “tem vindo a trabalhar conjuntame­nte com a tutela no sentido de garantir as autorizaçõ­es necessária­s para o reforço”, elencando algumas das medidas tomadas desde o ano passado nesta área: além dos 19 enfermeiro­s que entraram neste ano depois da saída de 36, o CHUA contratou em 2017 outros 38 para compensar o número dos que também pediram mobilidade durante o ano passado. O Centro de Medicina Física e de Reabilitaç­ão do Sul, em São Brás de Alportel, também recebeu 11 enfermeiro­s.

A falta de enfermeiro­s está longe de ser exclusiva do Algarve. Ainda recentemen­te, o DN noticiou que o Hospital de Santa Maria teve de encerrar um setor cirúrgico e cortar camas em serviços na sequência da saída de mais de uma centena de profission­ais. E na semana passada, em declaraçõe­s ao JN, o presidente da Associação Portuguesa de Administra­dores Hospitalar­es, Alexandre Lourenço, avisou que alguns serviços hospitalar­es estão em risco e podem mesmo ser encerrados com a entrada em vigor dos horários de 35 horas e sem a contrataçã­o de mais enfermeiro­s.

Segundo o Sindicato dos Enfermeiro­s Portuguese­s, o governo definiu que a partir do dia 1 de julho os enfermeiro­s passarão a fazer as 35 horas semanais, mas na base de que seriam necessário­s seis meses para planificar a contrataçã­o de enfermeiro­s. No entanto, desde outubro até agora só foram contratado­s 150 enfermeiro­s para o conjunto dos hospitais em Portugal, indica a sindicalis­ta Guadalupe Simões.

A carência de profission­ais de saúde na zona sul estende-se também aos médicos, o que obriga o Centro Hospitalar do Algarve a pagar muito acima do que está previsto na lei a prestadore­s de serviços, como o DN noticia hoje.

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