“É melhor uma mudança mesmo com incerteza. Todos estamos contentes, exceto os que são do PP até à morte”
Tão-pouco aceita dar o nome, mas está contente com a mudança. Apenas faz um reparo: “Queremos votar, não queremos que nos sejam impostos.” Acredita que “será por pouco tempo”. “Agora vão mudar nomes, trocar os envelopes, há projetos a meio que não se acabam, tudo isso custa muito dinheiro.”
A corrupção ditou o fim de Rajoy, acredita o funcionário público do Ministério do Ambiente. “Levámos anos com casos de corrupção.” Recorda os casos do próprio PSOE, na Andaluzia, do basco PNV, na Catalunha, mas também as questões que dizem respeito ao financiamento do Podemos pela Venezuela e pelo Irão. Mas embora chamusquem todos os partidos, Elizabeth Fraser, escocesa, a viver há mais de 20 anos em Espanha e mãe de dois rapazes, lembra que o Partido Popular saía particularmente mal do último gráfico que viu sobre o assunto. “A tarte tinha uma maioria de casos para o PP.”
Enquanto os filhos andam de bicicleta no parque à frente dos ministérios, Elisabeth, professora, explica: “Quase me alegro que a moção de censura tenha prosperado. A [sentença por] corrupção foi a gota que fez transbordar o copo.” “Era uma barbaridade”, acrescenta Eva Díaz, sua amiga, auxiliar de enfermagem num hospital público. Concordam que estão a viver-se tempos de mudança. “Os jovens já não querem saber de PSOE ou PP, querem o Podemos e o Ciudadanos. Ganharem mais lugares será inevitável.”
Apanhada de surpresa pela moção de censura, Eva Díaz afirma: “É melhor uma mudança mesmo com incerteza. Todos estamos contentes, exceto os que são do PP até à morte.”