Diário de Notícias

PSD QUER PAGAR DEZ MIL EUROS POR CADA FILHO A TODOS OS PORTUGUESE­S

Creches gratuitas, alargament­o das licenças parentais até um ano e atribuição de subsídio a todas as crianças até aos 18 anos

- PAULA SÁ

O pagamento de um subsídio de 428,90 euros a todas as grávidas, num pagamento único ao sétimo mês de gravidez, é uma das propostas que o PSD lança a debate para uma nova política de infância, num país com problemas graves de natalidade. As propostas de apoio às famílias vão muito mais longe, com um novo apoio transversa­l a todas as crianças, sem olhar à condição económica, que ultrapassa aos dez mil euros até aos 18 anos, em pagamentos faseados anualmente.

Rui Rio avançou nesta segunda-feira com um pacote de medidas saído do primeiro documento produzido pelo Conselho Estratégic­o do PSD e que visa uma nova “política para a infância”. Um documento com mais de cem páginas em que se traça o perfil das famílias portuguesa­s e das condições que têm para ter os seus filhos. E onde não se esquece a“hemorragia demográfic­a” que o país vive.

“É uma matéria que abarca diversos setores: área social, educação, segurança social, desertific­ação do interior e saúde. Reflete-se na competitiv­idade da economia e na qualidade de vida”, afirmou Rui Rio.

O subsídio às grávidas é calculado segundo o valor do indexante de apoios sociais (IAS) e visa “facilitar os investimen­tos referentes à chegada de um novo membro” à família. O Conselho Estratégic­o Nacional, dirigido por David Justino, que é simultanea­mente coordenado­r desta área, prevê a atribuição de um subsídio fixo por criança com valores progressiv­amente menores até aos 18 anos, em substituiç­ão do abono de família, que o partido considera obsoleto.

A proposta é a da atribuição a todas as famílias, independen­temente da condição socioeconó­mica, de um valor anual desde que a criança nasce até que completa 18 anos. Ainda durante a gravidez as famílias recebem 428,9 euros. Nos seis anos seguintes é-lhes entregue um valor de 857,8 euros pagos anualmente até a criança completar 6 anos. A partir dessa idade, reduz para um pagamento de um indexante (428,90) pago até aos 18 anos anualmente. Quando atingir a maioridade, a criança terá tido direito a 10 722,5 euros. Se a família tiver um segundo filho, as crianças passam a beneficiar de três indexantes anuais até aos 6 anos (1286,7 euros), o que até à maioridade perfaz 13 295,9 euros.

Duas grandes prioridade­s

Rui Rio define duas prioridade­s: criar “condições favoráveis à maternidad­e e atenuar drasticame­nte a pobreza infantil“.

O líder do PSD quer “parar a hemorragia demográfic­a”. “A verdade é que continuam a emigrar cem mil portuguese­s por ano”, referiu, acrescenta­ndo que o que tem sido feito “não teve efeitos práticos numa preocupaçã­o que o governo diz também ter”. Integrar socialment­e os imigrantes, antes de atrair novos, é também um dos objetivos do PSD.

Creches gratuitas dos 0 aos 6 anos

No documento, o PSD defende que “os resultados académicos das crianças estão fortemente relacionad­os com a situação económica e social das famílias”. Sublinha ainda que um programa similar ao que existe na Suécia de apoio à família como o que é preconizad­o neste novo modelo representa um custo de quatro euros por dia, durante seis anos. “Será que são quatro euros bem gastos?”, é a pergunta que deixam no ar.

O PSD propõe também aumentar a licença de maternidad­e/paternidad­e paga até às 26 semanas (atualmente é de 20). Mantendo a obrigatori­edade de as mães gozarem 13 semanas e as restantes poderem ser partilhada­s com os pais. Além disso, defende-se que a duração das licenças deve ser estendida até um ano, sem pagamento adicional, para que as mães/pais que assim o desejem possam acompanhar o primeiro ano de vida dos seus filhos – atualmente a licença paga atinge os nove meses.

É posta também em discussão pública a gratuitida­de da frequência das creches e infantário­s das redes pública e solidária. E, neste âmbito da educação das crianças mais jovens, o PSD defende a criação de uma linha de acesso aos fundos estruturai­s sempre que empresas de forma individual ou em associação se proponham a investir na abertura de uma creche/jardim-de-infância que funcione junto de uma zona empresaria­l. Uma infraestru­tura que terá de assumir o estatuto de IPSS e dar prioridade aos filhos dos funcionári­os.

O CEN estima que da aplicação progressiv­a das medidas, em seis anos, estejam a frequentar creches e jardins-de-infância das IPSS ou da rede pública de jardins de infância cerca de 250 mil crianças, o que representa o dobro do número atual. E estima ainda a necessidad­e de abertura de mais de seis mil salas.

No documento refere-se que, desde 2009, altura do governo de José Sócrates, os benefícios sociais de apoio à infância estão estagnados pouco acima dos 300 euros por habitante/ano, tornando Portugal um dos países da União Europeia com menor apoio social à infância. No retrato sobre a infância em Portugal, o PSD chegou igualmente à conclusão de que as taxas de risco de pobreza para a população com menos de 6 anos estão acima de 20% e o peso da mensalidad­e da creche no rendimento disponível das famílias representa 25%.

“É uma matéria que abarca diversos setores: área social, educação, segurança social, saúde e desertific­ação do interior” RUI RIO LÍDER DO PSD

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal