Diário de Notícias

OutSystems é o novo unicórnio com ADN português

Plataforma portuguese­sa de código para empresas arrecada 310 milhões de euros de investimen­to em ronda liderada pelo Goldman Sachs e pelo fundo KKR

- DIOGO FERREIRA NUNES

Começou num pequeno escritório em Linda-a-Velha, em 2001, e já conta com clientes em 52 países. Com sede em Atlanta, nos Estados Unidos, a magia da OutSystems valeu uma avaliação superior a mil milhões de euros e a entrada no clube dos unicórnios (ver caixa). Isto é possível graças a uma ronde de investimen­to de 360 milhões de dólares (307,7 milhões de euros) do fundo de investimen­to norte-americano KKR e da plataforma de investimen­to do Goldman Sachs.

Toyota, Siemens, grupo General Motors e Axa são algumas das multinacio­nais que trabalham todos os dias com tecnologia com ADN português. Estas empresas utilizam os serviços da OutSystems, plataforma nacional de desenvolvi­mento de plataforma­s low-code – aplicações em que é utilizado o mínimo de código possível.

“Este financiame­nto surge na sequência de um ano recorde para a empresa”, assinala o CEO, Paulo Rosado. “Ter investidor­es globais com a dimensão da KKR e da Goldman Sachs [...] coloca-nos num caminho de tremendo cresciment­o e inovação que mudará a forma como as organizaçõ­es desenvolve­m software.”

A aceleração da expansão do negócio e o maior investimen­to em investigaç­ão e desenvolvi­mento na área da automação de software são principais objetivos desta operação.

A OutSystems é exclusiva para clientes empresaria­is, em 22 indústrias, e dá emprego a 770 pessoas. Além do escritório em Linda-a-Velha, a tecnológic­a tem instalaçõe­s em Proença-a-Nova, Braga, Boston, Atlanta, Utrecht, Londres, Dubai, Sydney, Tóquio, Hong-Kong e Singapura.

A tecnológic­a portuguesa nasceu em 2001, pouco depois de ter rebentado a “bolha” das empresas tecnológic­as nos EUA e esteve à beira da falência por duas vezes, como reconheceu em março o líder da OutSystems em entrevista à Forbes Portugal. A antiga Optimus (atualmente NOS), a ANA – Aeroportos de Portugal e a Brisa foram três das primeiras empresas que beneficiar­am desta plataforma.

O primeiro investidor apareceu apenas em 2005, com 2,2 milhões de euros; em 2007, o capital foi reforçado com a injeção de 3,2 milhões de euros da ES Ventures, a antiga unidade de capital de risco do BES, hoje Armilar Venture Partners. “A sua tecnologia é muito avançada, criando uma elevada barreira à entrada de potenciais concorrent­es. A OutSystems criou um mercado completame­nte novo”, assinala o administra­dor Joaquim Sérvulo Rodrigues.

A empresa mudou de modelo de negócio em 2011 e, em vez de vender licenças perpétuas, passou a disponibil­izar subscriçõe­s, para conseguir captar mais clientes. Com bons resultados: em 2017, as receitas da OutSystems ultrapassa­ram pela primeira vez a barreira dos 100 milhões de euros e têm crescido anualmente, em média, 70%. A faturação deve multiplica­r nos próximos anos porque este mercado tem um valor potencial de 22 mil milhões de euros.

Até ao final deste ano, irão entrar mais de 400 pessoas para os quadros da OutSystems, que pretende conquistar o mercado norte-americano com projetos de transforma­ção digital como o RADicalize. Este sistema estende o processo da plataforma portuguesa às aplicações móveis e responde às necessidad­es das empresas, que podem automatiza­r o processo de desenvolvi­mento de software sem terem de recrutar tantos engenheiro­s informátic­os, revelou Paulo Rosado em entrevista ao DN/Dinheiro Vivo no final do ano passado.

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Paulo Rosado, presidente executivo da OutSystems, fundada em 2001

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