Diário de Notícias

Bob morreu há 50 anos mas o neto tem nas mãos o futuro do clã Kennedy

Muitos democratas sonham voltar a ver um Kennedy na Casa Branca, mas congressis­ta Joe Kennedy III descarta concorrer. Para já

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HELENA TECEDEIRO O velho Joe Kennedy sempre teve a ambição de colocar um filho na Casa Branca. Ele próprio, empresário de sucesso, chegara a ser embaixador dos EUA no Reino Unido, mas era a presidênci­a que o fazia sonhar. A 20 de janeiro de 1961, John F. Kennedy cumpria o sonho do pai ao tomar posse como 35.º presidente americano. Mas o seu assassínio, menos de três anos depois, baleado em Dallas a 22 de novembro de 1963, deixou a América e o mundo em choque e deu um duro golpe na ambição paterna. Cinco anos depois, o irmão mais novo, Robert, tentava por sua vez a sorte na corrida à presidênci­a. Mas quando festejava a vitória nas primárias democratas da Califórnia foi baleado por Sirhan Sirhan, um palestinia­no de 24 anos. Morreria no hospital, na madrugada de 6 de junho de 1968. Passados 50 anos, é no seu neto, Joe Kennedy (como o bisavô, mas o III), que reside o futuro político do clã mais mítico da América.

Eleito para a Câmara dos Representa­ntes pelo Massachuse­tts em 2013, Joe teve o seu momento mais mediático com a resposta ao Estado da União de Donald Trump, pronunciad­o a 30 de janeiro. O congressis­ta democrata surgiu em mangas de camisa diante dos jornalista­s para passar uma mensagem de esperança, num contraste com o que denunciou como a retórica divisiva do presidente republican­o. Em Falls River, “cidade construída por imigrantes”, muitos deles portuguese­s, Kennedy elogiou o movimento Black Lives Matter, além de ter falado também em espanhol, em apoio aos dreamers, os filhos de imigrantes ilegais levados para os EUA quando eram crianças e cujo futuro estava na altura em debate.

De forte cabeleira ruiva – a imagem de marca da família –, Joe Kennedy III conhece bem o peso do seu apelido. Pode não ter conhecido o avô nem o tio-avô John, mas conviveu com Ted Kennedy. O irmão mais novo do presidente assassinad­o foi senador do Massachuse­tts durante mais de 40 anos, tendo visto as aspirações presidenci­ais cortadas após um acidente de viação que resultou na morte da passageira do carro que conduzia. Verdadeira figura de referência dos democratas, Ted Kennedy não deixou de influencia­r o sobrinho-neto. E quando questionad­o pela CBS se sentia estar a ser comparado a todos os Kennedy sempre que faz um discurso, o congressis­ta admitiu: “Por um lado sim. Por outro, como é que nos podemos comparar com o presidente Kennedy sempre que discursamo­s, certo? Nunca serei tão bom! Não vai acontecer.” Mas a verdade é que muitos democratas gostariam de voltar a ver um Kennedy tentar chegar à Casa Branca – já em 2020. O próprio descartou a possibilid­ade, mas em política tudo é possível. Prisão perpétua em San Diego Naquela noite de 1968, Sirhan Sirhan disparou um revólver de calibre .22 sobre o senador Robert Kennedy no hotel Ambassador de Los Angeles, onde este festejava a vitória nas primárias, no ano eleitoral também marcado pela morte de Martin Luther King, em abril, e que culminou na vitória do republican­o Richard Nixon, em novembro. Atingido na cabeça e no abdómen, o senador do Massachuse­tts foi levado para o hospital, onde viria a morrer quase 26 horas após o tiroteio.

Hoje com 74 anos, Sirhan Sirhan, primeiro condenado à morte mas que viu a sentença mudada para prisão perpétua, cumpre pena numa prisão de San Diego, na Califórnia. Apesar de ter criticado a poio de Bob Kennedy a Israel, os motivos que levaram o palestinia­no a matar o senador continuam pouco claros.

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