Diário de Notícias

Teresa Bonvalot “Não vou lutar pelo nacional. Vou estar a competir lá fora”

- PEDRO MIGUEL NEVES

De partida para o México para uma importante prova de 6000 pontos, a líder do ranking da Liga Meo faz o balanço da vitória no Allianz Figueira Pro do fim de semana passado.

Teresa, mais uma vitória na Liga Meo, desta vez, na Figueira da Foz. Já consegues, passadas 48 horas, resumir o que foi para ti este campeonato? Acima de tudo, estou contente por ter vencido a prova.Vencer é sempre o meu objetivo em qualquer competição e, ainda por cima, foi um campeonato muito divertido. Tivemos ondas razoáveis ao longo dos três dias, em picos diferentes e, com tudo isto, posso dizer que foi, acima de tudo, um fim de semana bem passado. Houve alguma bateria que destaques, pela positiva ou pela negativa? A final foi um pouco estranha. Eu e a Camila [Kemp] vimos altas ondinhas antes de entrarmos e, de repente, assim que pusemos o pé na água... o mar parou. Fiz a primeira onda ao fim de cerca de dez minutos de bateria e percebi logo que não ia ter muitas oportunida­des. E, de facto, não houve muitas ondas, quer para mim quer para a Camila. Nessas circunstân­cias, sabia que não podia errar assim que aparecesse a onda certa. E, felizmente, não errei. Essa consistênc­ia e a capacidade de aproveitar as oportunida­des são fatores fundamenta­is no surf a este nível? E, sobretudo, na cena internacio­nal, que é o teu grande objetivo? Qualquer surfista, por muito bom que seja, por muito que tenha evoluído, tem sempre qualquer coisa a melhorar. Eu quero sempre tornar-me uma surfista cada vez mais consistent­e e fazer notas mais altas em momentos de pressão. E isso só aparece com a experiênci­a, com mais campeonato­s e, sobretudo, com campeonato­s em que se surfa com surfistas de alto nível. Competir com elas, ganhar ou perder, é isso que dá extra pica para fazer melhor. Um dos meus objetivos na cena internacio­nal também passa pela procura dessa evolução. Nos WQS é onde aprendemos mais e mesmo nos QS de 6000 pontos e competir com atletas de CT. Estás numa relação com o surfista norte-americano do CT Kainoa Igarashi. Essa ligação direta ao escalão mais alto do surf mundial ajuda? Ou seja, ele participa ativamente na tua carreira, aconselhan­do em alguns aspetos, ou pura e simplesmen­te não misturam as coisas e não falam de surf? Acho que qualquer pessoa que goste de mim e esteja mais perto de mim quer ajudar-me ao máximo. Por isso, sim, ele aconselha-me e dá-me algumas dicas. Diria mesmo que tem sido uma boa ajuda. É ótimo surfar com ele porque é um excelente surfista, um surfista de World Tour e tem ganho grande experiênci­a nestes anos ao mais alto nível. É certo que de vez em quando diz-me coisas que são difíceis de ouvir, mas fá-lo porque gosta de mim. E eu sei que isso contribui muito na minha evolução. Em que circunstân­cias se conheceram? A primeira vez que o vi foi numWorld Junior Surfing Games da ISA, no Equador, e depois no Mundial de Juniores, na Ericeira, no ano em que oVasco Ribeiro ganhou [em 2014]. Mudando um pouco a agulha da conversa... tu gostas muito de futebol e és uma sportingui­sta apaixonada, certo? Antes de começar a surfar, jogava futebol todos os dias e sempre adorei futebol. Via jogos constantem­ente e quando comecei a fazer surf já jogava futebol na Malveira e fazia vela. Só que era muita coisa ao mesmo tempo e dediquei-me ao surf porque era o que gostava mais. Mas, para responder à pergunta, sim, gosto muito do Sporting. E enquanto sportingui­sta, o que te suscita este tornado de notícias à volta do teu clube? Acho que não tenho comentário­s...(risos). Voltando então ao surf, depois desta vitória, a segunda consecutiv­a, e na liderança do ranking com três provas para o fim, já te vês campeã nacional? Não, nada disso. Não vou lutar pelo título nacional pois vou estar a competir lá fora e terei de faltar às próximas etapas. Vencer a Liga Meo nunca foi um dos meus objetivos, embora mantenha que sempre competirei nesta prova quando me for possível. Mas vou estar fora nas próximas duas etapas e, possivelme­nte, também na última. Por isso, não creio que seja possível. E qual é o teu próximo compromiss­o nessa demanda internacio­nal em busca da qualificaç­ão para o World Tour feminino? Parto já este sábado para o México, para participar num QS 6000 [O Los Cabos Open of Surf ]. Esta será para mim, tal como para as outras portuguesa­s que correm o circuito de qualificaç­ão, uma das provas mais valiosas do ano. Espero que seja um bom campeonato e com boas ondas. Partes com alguma baliza pontual? O meu objetivo é sempre ganhar. Mas posso dizer que dos quartos-de-final para cima já seria um bom resultado para guardar para o final da época.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal