Diário de Notícias

A ONU é hoje desafiada pela expressão de algumas vozes que falam na necessidad­e de recriar uma “ONU da Paz”, o que parece cada vez mais exigente de vozes concordant­es no sentido de evitar mais um desastre mundial

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sessões da Assembleia da República, levada a cabo pela Universal Peace Federation, tratando das “Perspetiva­s para a Paz Sustentáve­l na Europa e no Mundo: a Responsabi­lidade dos Parlamenta­res”. Também é o sentido profundo da Mensagem do Papa Francisco de 1 de Janeiro de 2017 no 50.º Dia Mundial da Paz, quando disse que “a violência não é o remédio para o nosso mundo dilacerado. Responder à violência com violência leva, na melhor das hipóteses, a migrações forçadas e a atrozes sofrimento­s, porque grandes quantidade­s de recursos são destinados a fins militares e subtraídos às exigência do dia-a-dia das jovens famílias em dificuldad­es, dos idosos, dos doentes, da grande maioria dos habitantes da terra. No pior dos casos, pode levar à morte física e espiritual de muitos, senão mesmo de todos”. A leviandade das palavras, em que o atual conflito se mostra orientado para ser o caminho habitual, também corre sem pensar na eventual violência que produzirá, porque há valores, ainda quando apenas nacionais, nem sequer ideológico­s, que não se conservam sempre tranquilos. É um cuidado que a considerad­a patriótica inovação da America First não parece tomar em consideraç­ão. Tem de salientar-se que a inquietaçã­o pela paz não é apenas ocidental, mesmo nos sentidos mais rigorosos da violência militar, e, como exemplo, são de meditar comentário­s de Sua Santidade o Dalai Lama, que tive a honra de apresentar, faz anos, na Reitoria da Universida­de de Lisboa, e que, depois dos largos anos sobre a violência que o expulsou do seu país que é o Tibete, declara não ter inimigos, e depois de chamar a atenção para a educação, respeito, tolerância, dedicação e não violência, que faltaram no ataque à sua comunidade, fez todavia esta advertênci­a ao Presidente dos EUA: “O futuro da América depende da Europa e o futuro da Europa depende dos países asiáticos. A nossa realidade é que dependemos uns dos outros. Os Estados Unidos são uma nação de pessoas no mundo livre. Por essa razão, o presidente dos EUA deveria pensar mais nas questões a um nível mundial, os EUA continuam a ser muito poderosos… Com essa preponderâ­ncia, os EUA deveriam colaborar mais estreitame­nte com a Europa.” Não se trata de ocidentais, de atlânticos, de democratas, de cristãos, trata-se de “um apelo ao mundo”, ao qual, dessa parte do mundo que foi largamente subordinad­a à ordem dos ocidentais, vem este apelo para “o Caminho da Paz em Tempos de Discórdia”. Com esperança de ser entendido a tempo. A ONU é hoje desafiada pela expressão de algumas vozes que falam na necessidad­e de recriar uma “ONU da Paz”, o que parece cada vez mais exigente de vozes concordant­es no sentido de evitar mais um desastre mundial. A perigosa fragilidad­e demonstrad­a pela arena mundial a que conduziu o globalismo sem governança, tornou-se alarmante com o facto de o gesto de um só homem ter agravado o destino da cidade santa. O Conselho de Segurança não deu mostras de se sentir atingido.

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