Diário de Notícias

EMPREGO ESTADO VOLTOU A CONTRATAR. SÓ NAS AUTARQUIAS HÁ MAIS 7 MIL

Administra­ção pública teve de voltar a recrutar. Desde que António Costa chegou, entraram mais 13 625 pessoas.

- LUCÍLIA TIAGO

Ao contrário das autarquias, os serviços do Estado precisam de luz verde das Finanças para lançar concursos

As restrições orçamentai­s travaram a entrada de pessoas na administra­ção pública nos anos de crise, mas a depauperaç­ão de alguns serviços tornou inevitável o lançamento de concursos abertos. No último ano e meio foram lançados 5458 destes procedimen­tos concursais para o preenchime­nto de 13 652 postos de trabalho. Mais de metade foram para autarquias.

Aqueles números, facultados ao DN/Dinheiro Vivo pelo Ministério das Finanças, não incluem a contrataçã­o de médicos e de professore­s, mas contemplam vínculos a prazo. É isto que explica que daquele total, 2108 postos de trabalho tivessem por destino o Ministério da Educação, onde o início de cada ano letivo tem sido acompanhad­o pelo recrutamen­to muitas vezes a termo de auxiliares de ação educativa.

A função pública chegou a março de 2018 com menos 53 406 pes- soas do que tinha em 2011. A maior redução, contudo, foi observada em 2015, quando se registou um corte de mais de 70 mil postos de trabalho. Esta quebra foi uma das razões para que o governo se visse obrigada a lançar de novo procedimen­tos concursais virados para fora da administra­ção pública, dirigidos a pessoas sem relação jurídica de emprego público.

Desde que este governo está em funções foram postos em marcha 5458 concursos abertos, para o preenchime­nto das referidas 13 652 vagas. Os mesmos dados mostram que as câmaras municipais lançaram 2487 daqueles concursos (para 6242 trabalhado­res) e que as juntas de freguesia promoveram 697 para 1512 vagas. A estes números somam-se ainda 56 procedimen­tos concursais (para 49 vagas) promovidos pelas comunidade­s intermunic­ipais.

Entre a administra­ções central, o Ministério da Justiça com 400 vagas lançadas em concursos, o da Administra­ção Interna (273 vagas) e o da Segurança Social (102 vagas) estão entre os que mais recrutaram. E, nestes casos, os concursos visaram entradas para os quadros da administra­ção pública.

Seja como for, para os sindicatos estes números indiciam algum alívio face às restrições registadas durante o período do programa da

troika, mas estão longe de dar resposta às necessidad­es dos serviços.

“Não se trata de um virar de página. Para que se pudesse falar assim seria necessário que tivesse sido eliminada a regra que faz depender de autorizaçã­o prévia do Ministério das Finanças a abertura de procedimen­tos concursais”, começa por referir José Abraão, para acrescenta­r que, em muitos destes casos, os concursos mais não visaram do que “tapar buracos”.

O secretário-geral da Fesap encontra, de resto, como justificaç­ão para serem as autarquias as promotoras de mais de metade dos concursos o facto de gozarem de autonomia e de não es tarem sujeitas àquela autorizaçã­o prévia.

Crítica da po sição assumida pelo primeiro-ministro que, em entrevista ao DN, referiu que, entre contratar funcionári­os ou aumentá-los, preferia a primeira opção, a coordenado­ra da frente Comum, Ana Avoila, considera que o número de funcionári­os contratado­s não tem expressão. É que, mesmo que estas 13 mil vagas fossem todas para os quadros seriam poucas. “Tivemos a regra de uma entrada por cada saída, mas continuamo­s a ir além dessa meta”, precisa, para acentuar que, depois da manifestaç­ão nacional do dia 9, sábado, os sindicatos que integram a Frente Comum vão reunir-se e aprovar o caderno reivindica­tivo para 2019, com aumentos incluídos. A apresentaç­ão está marcada para 27 de junho.

Helena Rodrigues, do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE), também salienta que, apesar destas entradas, muitos serviços ainda continuam sem capacidade de resposta e a sobrecarre­gar os trabalhado­res que ficaram.

E acentua que os concursos internos, muito usados nestes últimos anos, acabaram por desequilib­rar ainda mais os problemas causados com a travagem das novas admissões, porque acabaram por canibaliza­r serviços onde a carreira não é tão apelativa.

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Desde que o governo de António Costa assumiu funções foram lançados 5458 concursos abertos. Finanças têm de os autorizar

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