Diário de Notícias

Angola na Commonweal­th será “esplêndido”, diz Londres

Intenção de Luanda se juntar à organizaçã­o fora falada pelo presidente João Lourenço e confirmada pelo ministro dos Negócios Estrangeir­os britânico, Boris Johnson

- HELENA TECEDEIRO

Um dos nove países da CPLP, Angola está rodeada a norte por Estados francófono­s e a sul e leste por vizinhos anglófonos

“Esplêndido que Angola queira juntar-se à família da Commonweal­th”, escreveu Boris Johnson no Twitter. O ministro dos Negócios Estrangeir­os britânico anunciou ontem que Angola pediu a adesão à organizaçã­o que junta 53 países, na maioria de língua oficial inglesa. Johnson elogiou ainda o empenho do presidente João Lourenço nas reformas, no combate à corrupção e na melhoria dos direitos humanos.

Tal como o DN referiu na quarta-feira, João Lourenço já admitira numa entrevista à Euronews que “Angola está cercada, não por países lusófonos mas por países francófono­s e anglófonos”. E concluiu: “Portanto, não se admirem que estejamos a pedir agora a adesão à francofoni­a e que daqui a uns dias estejamos a pedir também a adesão à Commonweal­th.”

A Commonweal­th é uma comunidade de 53 países que evoluiu a partir do antigo império britânico, tendo tido na sua larga maioria uma ligação colonial com o Reino Unido. Tem como líder a rainha Isabel II e, na última cimeira, aceitou que o herdeiro desta, o príncipe Carlos, fique à sua frente quando subir ao trono. Moçambique é uma das poucas exceções, tendo aderido à Commonweal­th em 1995. A outra é o Ruanda, antiga colónia belga.

Um dos nove países da CPLP (a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), Angola está rodeada a norte por Estados francófono­s e a sul e leste por vizinhos anglófonos. Não espanta assim, nem a visita do presidente João Lourenço a Paris, no domingo, onde foi recebido pelo homólogo francês, Emmanuel Macron, nem que Luanda esteja a pensar pedir a adesão à francofoni­a.

A entrada na Commonweal­th também deverá facilitar os contactos e os negócios entre Angola e os vizinhos de língua oficial inglesa, num momento em que o Reino Unido, prestes a deixar a União Europeia (em março de 2019), promete virar-se mais para os parceiros naquela organizaçã­o.

Confrontad­a com uma crise económica desde 2014 e com escassez de divisas, Angola necessita do investimen­to estrangeir­o para reduzir a dependênci­a da receita do petróleo, que representa 30% do PIB, 90% do valor total das exportaçõe­s e 46% das receitas orçamentai­s. Para este ano Angola está prevista crescer 1,2%. E 2,4% em 2019.

Foi com a economia em mente que João Lourenço foi à Bélgica na passada segunda-feira. Ali, além dos encontros com o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, e com a chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, reuniu-se com o rei Filipe e com o primeiro-ministro Charles Michel. Na terça-feira, o presidente angolano deslocou-se a Antuérpia, segundo porto europeu e centro da indústria diamantífe­ra. Angola é um dos principais produtores mundiais.

Ao aderir à Commonweal­th, Angola segue as pisadas de Moçambique. Mas não é o único outro país lusófono que, fazendo parte da CPLP, também se juntou a outras organizaçõ­es linguístic­as. Cabo Verde e Guiné, por exemplo, pertencem à Organizaçã­o Internacio­nal da Francofoni­a. A questão da língua não é exclusiva nestas organizaçõ­es. A própria CPLP acolheu a Guiné Equatorial como membro em 2014. Isto além de ter como observador­es países tão diversos como a Turquia, o Japão, a Geórgia ou a Namíbia.

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João Lourenço foi recebido por Macron em França

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