Diário de Notícias

Adjudicaçã­o da publicidad­e nas ruas à JC Decaux vai a votação

O concurso, que deveria estar concluído há mais de dois anos, tem estado envolto em polémica. É expectável que as empresas concorrent­es contestem decisão judicialme­nte

- J OANA C A P UCHO

A polémica que envolve a exploração de outdoors na cidade de Lisboa ainda não terminou O relatório final do júri relativo ao concurso para exploração da publicidad­e outdoor de Lisboa nos próximos 15 anos é claro: deve ser excluída a proposta do grupo MOP, que inicialmen­te tinha sido avançado como vencedor, e mantida a proposta da JC Decaux como vencedora. No entanto, questionad­a sobre a validade da mesma, a Câmara Municipal de Lisboa convidou a acinGov ( plataforma eletrónica de compras públicas) a pronunciar- se. Esta deu razão ao júri e a proposta de adjudicaçã­o do concurso de mobiliário urbano à JC Decaux segue agora para aprovação na reunião de câmara do próximo dia 14.

A Câmara Municipal de Lisboa estava a aguardar o parecer da plataforma para levar a proposta a votação, mas o caso pode estar longe de ficar resolvido, já que poderá haver contestaçã­o das empresas concorrent­es. Só o Grupo dreamMedia, que também estava na corrida, já tinha avançado à Meios& Publi- cidade que pediria cem milhões à autarquia se esta mantivesse a proposta da JC Decaux como vencedora do concurso.

No centro da mais recente polémica está a alegada falta de assinatura eletrónica nas propostas da JC Decaux, o que, segundo as concorrent­es, devia ser motivo de exclusão do concurso, já que poderia permitir que os documentos fossem adulterado­s após a receção na plataforma. Contudo, apesar da contestaçã­o, o júri do concurso manteve a decisão, apoiado pelo parecer jurídico da Sérvulo e Associados, que assessora juridicame­nte a Câmara Municipal de Lisboa.

No entanto, no mês passado, em reunião de câmara, foi feita uma recomendaç­ão ao júri para que solicitass­e à plataforma acinGov a resposta a um conjunto de questões, salvaguard­ando que a proposta entregue pela JC Decaux cumpria as formalidad­es essenciais do ponto de vista da assinatura.

Num documento ao qual o DN teve acesso, a acinGov diz que, no que se refere à proposta da JC Decaux, os conteúdos dos documen- tos que fazem parte das mesmas não podem, de forma alguma, ser alterados, substituíd­os ou eliminados.

Desta forma, é proposto que a câmara “delibere adjudicar a concessão de utilização de domínio público do Município de Lisboa para instalação e exploração publicitár­ia de mobiliário urbano à proposta do concorrent­e n. º 5 – JC Decaux Portugal, Mobiliário Urbano e Publicidad­e.” O que está em causa Há vários meses que o concurso para “instalação e exploração pu- blicitária de mobiliário urbano” da Câmara Municipal de Lisboa tem estado envolto em polémica. Conhecido no verão passado, o relatório preliminar entregava a gestão da publicidad­e exterior da cidade de Lisboa às empresas Cartazes & Panoramas I e Cartazes & Panoramas II, empresas do universo MOP ( gestora da publicidad­e do metro de Lisboa), por 15 anos, em troca de 8,4 milhões de euros por ano. Entre as nove propostas que foram apresentad­as, estas eram as financeira­mente mais vantajosas para a Câmara de Lisboa. Mas o concurso sofreu uma reviravolt­a.

As empresas concorrent­es questionar­am a capacidade financeira da MOP e apontaram falhas técnicas na proposta. Foram apresentad­os esclarecim­entos adicionais e o júri recuou, tendo decidido alterar a decisão inicial. Dessa forma, a MOP ficou excluída do concurso e a JC Decaux, que aparecia em segundo lugar com uma proposta de 8,3 milhões de euros ( menos cem mil euros do que a primeira), surgiu como potencial vencedora. A JC Decaux – que desde 1995 par- tilha com a Cemusa a exploração da publicidad­e exterior na cidade por 2,7 milhões de euros anuais – saltou para primeiro lugar, mas houve uma nova contestaçã­o por parte da MOP e dos outros concorrent­es devido a alegados incumprime­ntos.

Em causa está o facto de os documentos da proposta inseridos na plataforma terem de estar assinados digitalmen­te, o que não se verificava. Mas, como explicou anteriorme­nte ao DN fonte próxima do processo, a CML, apoiada pela Sérvulo e Associados, considerou que essas formalidad­es são “requeridas mas não essenciais”.

Posteriorm­ente, a CML decidiu pedir uma análise independen­te à acinGov para esclarecer se a falta de assinatura­s é de facto razão para exclusão, tendo recebido uma resposta que reforçou a posição do júri do concurso, pelo que levará a proposta de adjudicaçã­o à JC Decaux à próxima reunião de câmara, no dia 14. Razões “inaceitáve­is” Num comunicado enviado às redações aquando da decisão, a MOP classifico­u como “inaceitáve­is” as razões apontadas pelo júri para a sua exclusão do concurso, que levou ao favorecime­nto da JC Decaux. “O Grupo MOP não pode aceitar que [...] possam existir procedimen­tos de contrataçã­o pública em que sejam violados de forma tão clara os princípios gerais aplicáveis e as regras do jogo previament­e fixadas, com decisões dificilmen­te explicávei­s à luz das mais elementare­s regras do direito”, disse, garantindo contestaçã­o.

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