Diário de Notícias

Portugal quer captar dois mil milhões para a ciência

Manuel Heitor assume a meta para futuro programa da UE. Colaboraçã­o entre empresas e ciência é essencial

- PEDRO SOUSA TAVARES

“Dois mil milhões de euros, a uma média de 250 a 300 milhões anuais.” É esta a meta assumida pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, para as verbas comunitári­as para a investigaç­ão e inovação captadas por instituiçõ­es nacionais. Uma verba que, ao DN, o governante diz que só será alcançável com grande colaboraçã­o entre empresas e a comunidade científica. Espaço, defesa e digital serão as prioridade­s.

O programa Horizonte Europa, divulgado nesta quinta- feira pela Comissão Europeia, vai decorrer entre 2021 e 2027 e será o mais ambicioso de sempre na União, totalizand­o cem mil milhões de euros de verbas. Para alcançar os seus objetivos, Portugal terá de conseguir captar, de forma competitiv­a, cerca de 2% desse valor.

A meta representa quase o quádruplo dos 555,29 milhões de euros obtidos pelo país no atual programa- quadro, o Horizonte 2020, entre 2014 e 2017. No entanto, lembrando que o atual programa foi o primeiro, neste século, em que o país conseguiu obter valores superiores aos que entregou enquanto contribuid­or – 1,57% do orçamento captado e uma contribuiç­ão correspond­ente a 1,23% do mesmo –, Manuel Heitor defende que os objetivos são realistas.

“Portugal, ao longo dos anos, tem evoluído na capacidade de atração de financiame­nto europeu. Há quinze anos, o nosso grande objetivo era chegar ao break even”, recorda. “Depois passou a ser chegar a 1,5% desse valor, sendo certo que neste programa 2020 já conseguimo­s superar essa meta, obtendo cerca de 1,6%.” Trabalho em rede Ainda assim, acrescenta o ministro, o acesso a volumes de investimen­to desta grandeza implicará muito trabalho de preparação, o qual diz estar já em curso. “Por um lado, estamos a profission­alizar uma rede de delegados e a reforçar a Agência Nacional de Inovação”, conta, explicando que será delineado “um conjunto de programas e novas linhas associadas ao chamado Conselho Europeu de Inovação”. O país terá ainda de “reforçar a capacidade de ir às linhas de financiame­nto- base”, nomeadamen­te “European Research Council e bolsas Marie Curie”, trabalhand­o também a sua “capacidade de penetração dos chamados clusters europeus: as grandes zonas ou áreas de investimen­to”, não só entre instituiçõ­es científica­s mas “sobretudo com empresas”.

De resto, para o ministro, a capacidade de concretiza­r este desafio “depende não só da comunidade científica tradiciona­l, do meio académico, mas também cada vez mais do meio empresaria­l”. Manuel Heitor acredita que os laboratóri­os cooperativ­os, um projeto do atual governo que pretende facilitar o acesso à investigaç­ão e inovação pelas empresas nacionais, poderão ter um papel “crucial” nesta matéria. “Muitas pequenas empresas portuguesa­s não têm capacidade para concorrer [ a estes fundos]”, lembra. “Os laboratóri­os colaborati­vos permitem partilhar o risco, juntando várias empresas e instituiçõ­es científica­s.”

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