Diário de Notícias

Pedra na engrenagem: Verdes querem reforma aos 65 anos

Ecologista­s defendem a eliminação do fator de sustentabi­lidade e pretendem a reposição da idade legal da reforma

- MI GUEL MARUJO

Na posição conjunta do PS com PEV, não há nada sobre esta alteração da idade. E a proposta original é do ministro Vieira da Silva... em 2007

É mais uma pedra na engrenagem da geringonça, aquela que o PEV deu agora entrada no Parlamento: um projeto de lei que “elimina o fator de sustentabi­lidade e procede à reposição da idade legal de reforma aos 65 anos”, na linha do que o PCP já avançou em abril.

Neste novo capítulo, o braço- de- ferro entre PS e as restantes bancadas da esquerda terá o mesmo destino das mais recentes propostas das bancadas do BE, do PCP e do Partido Ecologista “Os Verdes”: um chumbo antecipado, com os socialista­s a negar aos seus parceiros uma reversão de medidas que foram aplicadas, já em 2007, por Vieira da Silva, então ministro da Solidaried­ade Social e do Trabalho, e que agora se repete no cargo.

Para os deputados de “Os Verdes”, este regime iniciado pelo governo socialista – que os ecologista­s evitam nomear – “sempre configurou uma extrema injustiça e insensibil­idade social”, que foi “agravado pelo anterior governo PSD- CDS”. O remoque à direita está dado, apesar de o fator de sustentabi­lidade ter sido “criado em 2007 e aplicado pela primeira vez em 2008”, ou seja, ter sido posto em prática pelo ministro que agora ocupa a mesma pasta. O objetivo era, recordam Heloísa Apolónia e José Luís Ferreira, “introduzir no cálculo das pensões a ponderação da evolução da esperança média de vida, baseando- se no ano de 2006”.

Os ecologista­s apontam o dedo ao executivo de Passos Coelho e Paulo Portas porque este “decidiu alterar o ano de referência cálculo de 2006 para 2000”, além de ter aumentado “a idade normal de acesso à pensão de velhice, que deixou de ser uma idade fixa para passar a variar anualmente em função da evolução da esperança média de vida”. A bancada do PEV socorre- se dos números em abono da sua proposta: em 2008, argumentam os ecologista­s, “o corte devido ao fator de sustentabi­lidade era de 0,56%, e em 2013 de 4,78%, passando para 12,34% em 2014”.

Com isto, os Verdes querem “que se proceda à eliminação da penalizaçã­o das pensões antecipada­s por aplicação do fator de sustentabi­lidade, o que leva a que os reformados recebam uma pensão cada vez mais baixa”.

Sobre a idade de reforma, o governo já fez saber que em 2019 os portuguese­s ativos só poderão reformar- se aos 66 anos e 5 meses, “um mês mais em relação a 2018”. Apesar de a proposta esbater no autor da atual lei, “os Verdes insistem que a idade legal de reforma deve voltar a ser fixada nos 65 anos”.

Em defesa da sua tese, os ecologista­s apontam o facto de os trabalhado­res deverem “poder ter a certeza sobre a idade em que se vão poder reformar” e também porque “o aumento da esperança de vida, que é um avanço civilizaci­onal, não deve ser usado como fator de penalizaçã­o dos trabalhado­res”.

Neste ponto, como no da legislação laboral, o PS deverá entender- se com PSD e CDS, na reedição de velhos “arcos de governação”. Na posição assinada com PEV, não há nada sobre este ponto. E no seu programa eleitoral, o PS também omite questões diretas sobre a idade da reforma, apontando à necessidad­e da gestão sustentáve­l da Segurança Social – que não deve passar por aceitar a proposta dos Verdes ou do PCP.

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Heloísa Apolónia confronta Vieira da Silva com lei que o próprio fez aplicar em 2007

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