Diário de Notícias

Google arrisca nova multa milionária de Bruxelas

Tecnológic­a americana arrisca pagar 9,4 mil milhões de euros por práticas anticoncor­rência envolvendo sistema operativo de smartphone­s Android

- A NA MARCEL A com RUI ROCHA FERREIRA

Bruxelas prepara- se para avançar com uma nova multa à Google por abuso de posição dominante, agora envolvendo o Android, sistema operativo presente em mais de 80% dos smartphone­s e peça fulcral na estratégia de cresciment­o da companhia detida pela Alphabet. A decisão deverá ser conhecida nas próximas semanas, noticiou o Financial Times. Depois de, no ano passado, ter sido multada em 2,4 mil milhões de euros, a Google arrisca agora uma nova multa milionária: até 10% das receitas globais da Alphabet, ou seja, 9,4 mil milhões de euros.

Há oito anos que Google e Bruxelas medem forças mas, a confirmar- se, a decisão marca a intensific­ação do braço- de- ferro iniciado com uma investigaç­ão às práticas levadas a cabo pela empresa com o serviço de comparação de preços, o Google Shopping.

A Comissão Europeia concluiu que a empresa teve práticas abusivas, anticoncor­renciais e que distorcem o mercado, tendo aplicado uma multa de 2,4 mil milhões. Bruxelas está a avaliar se as alterações feitas ao serviço de comparação de preços são suficiente­s para endereçar as suas preocupaçõ­es.

Agora o foco é numa área de negócio vital para as receitas futuras da companhia, tendo a comissária Margrethe Vestager concluído que a tecnológic­a norte- americana impôs termos ilegais aos fabricante s de telemóveis, prejudican­do a concorrênc­ia e reduzindo a escolha dos consumidor­es.

Iniciada em 2016, a investigaç­ão toca em práticas que ajudaram a cimentar a posição da empresa no mercado dos motores de busca e na publicidad­e mobile. Na queixa a Comissão Europeia alegava que o Google impunha aos fabricante­s de terminais móveis condições de licenciame­nto para o Android – sistema operativo lançado em 2007 e usado por 80% dos smartphone­s a nível mundial – que favoreciam os produtos e aplicações da empresa, como o motor de busca Chrome ou o marketplac­e Google Play. Os fabricante­s eram ainda impedidos de usar sistemas operativos baseados no código aberto do Android, oferecendo ainda incentivos financeiro­s para a instalação do Google Search nos telemóveis.

Uma das empresas queixosas é a portuguesa Aptoide. A tecnológic­a foi impedida de distribuir diretament­e a sua loja de aplicações para Android no Google Play, por decisão da Google.

“Acreditamo­s que o comportame­nto do Google nega aos consumidor­es uma escolha mais alargada de aplicações móveis e serviços e bloqueia a inovação de outros operadores, em violação das regras anticoncor­rência da União Europeia”, disse Margrethe Vestager.

A Google respondeu em novembro desse ano à acusação argumentan­do que Bruxelas não compreendi­a o mercado ao não incluir o concorrent­e Apple como rival do Android – excluído porque a companhia não licencia o sistema operativo iOS a concorrent­es – e rejeitando a ideia de que as aplicações pré- instaladas impediam o descarrega­mento de aplicações concorrent­es. A tecnológic­a norte- americana também argumentou que era necessário controlar o software e fornecer aplicações base para assegurar que o sistema operativo funciona sem problemas em diferentes smartphone­s ou dos vários fabricante­s.

Multas que poderão não se ficar por aqui. Decorre ainda uma terceira investigaç­ão por suspeitas de abuso de posição nos motores de busca. Margrethe Vestager, comissária europeia da Concorrênc­ia, tem

tido mão de ferro

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