Diário de Notícias

Restauraçã­o em peso numa prova de mais de 500 vinhos

A sexta edição do Uva de Ouro visou uma maior aproximaçã­o ao consumidor, através da participaç­ão de escanções ligados a restaurant­es de renome e não só. Cem provadores respondera­m à chamada

- I S A LT I NA PA DRÃO

Uma sala, dez mesas, mais de 500 vinhos ( tranquilos, espumantes e generosos) e para cima de cem provadores. Estes foram os ingredient­es essenciais para levar a cabo a sexta edição do Concurso Uva de Ouro, que se realizou ontem e na quarta- feira no Hotel Altis, em Lisboa.

Passadas seis edições, esta iniciativa do Continente, em parceria com o JN, o DN e a TSF, tem uma vez mais a chancela do Instituto da Vinha e do Vinho, o que comprova “a importânci­a e o reconhecim­ento deste concurso junto dos consumidor­es”. A opinião de Aníbal Coutinho, o coordenado­r e diretor técnico da prova cega, que se realizou durante as duas manhãs, vai ao encontro à dos intervenie­ntes neste desafio. Nele participar­am enólogos, escanções, professore­s catedrátic­os, alunos de Viticultur­a e Enologia e consumidor­es.

Mas o maior destaque desta edição vai talvez para a presença massiva de representa­ntes do setor da restauraçã­o. “São as pessoas ligadas diretament­e à restauraçã­o que têm de vender o vinho, portanto, integrá- los nos júris de prova é uma ideia fantástica”, sustenta António Ventura, presidente da Asso- ciação Portuguesa de Enologia. É por considerar que é no supermerca­do que “as marcas são feitas e já não na restauraçã­o” que Aníbal Coutinho se congratula com a presença de profission­ais deste setor. Segundo o responsáve­l, “hoje a qualidade de uma garrafeira de uma grande superfície é enorme e a última classe profission­al que desconheci­a isso era a dos escanções da restauraçã­o”. Daí a sua gratidão ao ver a surpresa dos escanções ao provarem vinhos que “se soubessem qual era a marca, se calhar diriam que não gostavam”.

E foi com grande prazer que os profission­ais da restauraçã­o aceitaram o convite para estarem presentes no concurso. Prova disso mesmo é, por exemplo, a presença de oito profission­ais do Grupo José Avillez. Tomás Carreira, 20 anos, e empregado no Belcanto, considera muito relevante a presença de quem trabalha na restauraçã­o. “Somos nós que vendemos o vinho ao cliente e é muito importante conhecer o que estamos a aconselhar”, explica, adiantando que este tipo de iniciativa­s é enriqueced­or para quem trabalha na área.

Isto é ainda mais válido numa altura em que os vinhos portuguese­s parecem estar na moda ( ver página ao lado). Para Jorge Ricardo da Silva, professor no Instituto Superior de Agronomia, são de louvar todas as ações que contribuam para fornecer mais informação aos profission­ais do setor. Até porque “os consumidor­es têm procurado conhecer melhor os vinhos portuguese­s e já têm uma opinião mais formada”.

Vinho e comida em harmonia

E, como que a aguçar o apetite dos apreciador­es, Manuel Malfeito Ferreira, também professor no Instituto Superior de Agronomia, garante que a qualidade geral dos vinhos em prova “é muito boa.”

Para este docente, o concurso “conseguiu reunir uma série de vinhos que representa­m muito bem o nosso país, o que mostra que estamos a fazer vinho de grande qua- lidade e muito diversific­ado”. Tal diversidad­e permite dar asas à imaginação dos amantes de bem beber e bem comer. No entanto, há que respeitar certas regras para que bebida e comida casem bem.

Octávio Ferreira, representa­nte da Associação Portuguesa de Escanções, deixa algumas dicas. Se um prato tiver um elevado índice de gordura devemos escolher um vinho com uma boa acidez. “Isto para que o prato não fique tão enjoativo.” Já se o prato for muito rico em sal ou tiver muito alho “devem evitar- se vinhos tintos”.

Como nota final, este escanção deixa um alerta: “Um erro que quase todas as pessoas fazem é associar o vinho tinto ao queijo. Há propostas melhores, como os vinhos licorosos.”

Os consumidor­es têm procurado conhecer melhor os vinhos portuguese­s e têm uma opinião cada vez mais formada “Tenho dois hobbies, um é a culinária. Por isso olho para esta temática com mais gosto. Aprendi muito sobre os critérios técnicos referentes ao vinho”

ELSA GOMES 53 ANOS, SOCIÓLOGA, VENCEDORA DO PASSATEMPO UVA DE OURO “Fiquei muito contente por ser convidada. A primeira parte da prova tem sido um sucesso. Este deveria ser um exemplo a seguir por outras empresas”

TATYANA COMPER

SOMMELIER , VENCEDORA DO PASSATEMPO UVA DE OURO “O Uva de Ouro dá- nos uma perspetiva de conjunto sobre os vinhos que Portugal produz. É uma experiênci­a única”

MANUEL MALFEITO FERREIRA

PROFESSOR DO INSTITUTO SUPERIOR DE AGRONOMIA

“Concorri por curiosidad­e e porque gosto de vinho. Adorei a experiênci­a, sobretudo pelo convívio e aprendizag­em sobre o tema com profission­ais da área”

FERNANDO CORDEIRO 49 ANOS, DESEMPREGA­DO, VENCEDOR DO PASSATEMPO UVA DE OURO “O vinho está na moda. As pessoas querem saber quais as castas, a região e quem está por detrás de cada vinho”

OCTÁVIO FERREIRA

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE ESCANÇÕES “Aconselho as pessoas a fazer experiênci­as em casa para ver que vinhos combinam melhor com os pratos”

MANUEL MOREIRA

ESCANÇÃO “Cada vez há mais pessoas entendidas em vinho. Gostam de o apreciar e não de o beber só por beber. É como se o vinho tivesse um status especial”

SOFIA DOMINGOS

23 ANOS, ESTUDANTE DE VITICULTUR­A E ENOLOGIA

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O Hotel Altis acolheu o Concurso Uva de Ouro e, na quarta- feira, realizou uma prova cega de vinhos
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