Diário de Notícias

Projeto resgata música de câmara de Joly Braga Santos

Quarteto Lopes Graça e Musicamera Produções conceberam operação que passa por concertos em todo o país, gravação integral para edição em CD e edição das partituras

- B E R NARDO MARI A NO

Termina hoje em Castelo Branco a primeira parte do projeto Integral de Música de Câmara de Joly Braga Santos, que o Quarteto Lopes- Graça e a Musicamera Produções iniciaram em novembro último.

Ao mesmo tempo começa a segunda, como explica ao DN Luís Pacheco Cunha, 1.° violino do Quarteto: “Esta primeira parte contemplou a apresentaç­ão integral em concerto destas obras, que foi feita em quatro recitais no Centro Cultural de Belém ( CCB) e também a gravação dessa mesma integral.” A operação que se processou da seguinte forma: “No dia antes de cada concerto, no próprio dia e no dia seguinte fazíamos as sessões de gravação na mesma sala dos concertos. Além disso, a Antena 2 gravou todos os concertos para posterior difusão.”

Tudo isto desafiará, explica, “em quatro CD, a serem editados pela Toccata Classics, que assegura distribuiç­ão em 90 países”. Prazos de edição ainda não estão definidos: “Sabemos apenas que acontecerá um a um, para garantir maior visibilida­de ao projeto.”

Para Luís Pacheco Cunha, os CD valem mormente como “afirmação dos intérprete­s e do projeto e como documento histórico da obra de Joly para ficar”, até porque, acrescenta, “se boa parte destas obras até foram gravadas, essas gravações há muito deixaram de estar disponívei­s comercialm­ente”.

Além dos Lopes- Graça, participar­am neste “resgate” músicos como Olga Prats, António Saiote e Leonor Braga Santos ( filha do compositor), dedicatári­os, aliás, de obras incluídas neste ciclo; e um conjunto de outros músicos, nos quais Alejandro Erlich Oliva, contrabaix­ista e elemento da Musicamera, enaltece “o entusiasmo, o sentido de missão e a forma generosa, rigorosa e empenhada como abraçaram e se envolveram” num projeto que, declara, “faz justiça histórica a um grande compo- sitor, sim, e mais que isso: é um ícone da cultura portuguesa do século XX”.

Aspeto que Luís Pacheco Cunha logo reforça: “O próprio Quarteto Lopes- Graça nunca havia tocado obras suas. Fala- se sempre do Joly, o grande sinfonista, mas é na música de câmara que o vemos fazer a maioria das suas inovações e ser mais experiment­al!” Hoje, depois de conhecer os quartetos de Joly, afirma categórico: “O n. º 2 é do melhor que se fez no século XX português.”

Outro vetor desse resgate é “a revisão cuidada de todas as partituras já editadas em performing editions fiáveis, através de protocolo estabeleci­do com a AVA- Musical Editions; e a digitaliza­ção de duas obras – a Suite de Danças e o Quarteto n º 1 – nunca antes editadas”.

Sobre a digressão nacional que ora se inicia, diz que “já passou por Évora, começa hoje o ciclo integral em Castelo Branco e já temos confirmaçõ­es para os Açores, Setúbal e Matosinhos, mas vai crescer ainda...”, diz com segurança.

Além disso ocupam- os, através da Musicamera, “outros quatro projetos: um com o Duo Contracell­o, que combina jovens compositor­es e jovens videastas nacionais; uma ópera em antecipaçã­o de Évora- Capital Europeia da Cultura; o Festival Zêzere Arte, de que somos coprodutor­es; e o regressado Festival Criasons, que terá novos moldes, incluindo um concurso para jovens compositor­es, e cujo concerto inaugural será no Palácio Foz, no final de 2018”.

Nova colaboraçã­o Fala- nos mais em detalhe de dois deles. A ópera primeiro: “Esse projeto para Évora surgiu no seguimento da ópera comunitári­a Soror Mariana que fizemos no ano passado em Almada, e será nova colaboraçã­o com o compositor Amílcar Vasques Dias. Vai- se chamar Giraldo e Samira e a estreia está prevista para junho de 2019. Além de músicos clássicos, irá envolver um ensemble de músicos árabes, bailarinos do Grupo de Dança Contemporâ­nea de Évora, além de um coro participat­ivo.”

Aborda a seguir o Criasons: “Irá decorrer ao longo de todo o ano ( 2019), com concertos por todo o país. A maior novidade é que convidámos seis compositor­es a escreverem uma obra a partir de um grupo fechado de intérprete­s potenciais, sendo que eles próprios depois definirão o resto do pro - grama.”

Ao mesmo tempo, do concurso para jovens compositor­es serão selecionad­os seis, sendo que cada um, e respetiva obra, serão integrados nesses programas. Assim, cada concerto terá sempre duas obras em estreia absoluta.

“Fala- se sempre do Joly, o grande sinfonista, mas é na música de câmara que o vemos fazer a maioria das suas inovações e ser mais experiment­al!”

 ??  ?? Termina hoje em Castelo Branco a primeira fase da Integral de Música de Câmara de Joly Braga Santos com Luís Pacheco Cunha no 1 º violino
Termina hoje em Castelo Branco a primeira fase da Integral de Música de Câmara de Joly Braga Santos com Luís Pacheco Cunha no 1 º violino

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal