Diário de Notícias

EDP não rejeita OPA para já. Mas preço por ação deve subir para perto dos quatro euros

Administra­ção reafirma que o preço oferecido pelos chineses é baixo e que os acionistas devem ser compensado­s por permitirem a tomada de controlo da empresa. Mas reconhece “mérito nas intenções estratégic­as” da CTG

- BÁRBARA SILVA

A EDP já respondeu à oferta pública de aquisição (OPA) lançada pela China Three Gorges: “Não pode recomendar que os acionistas vendam as ações ao preço atualmente oferecido”, demasiado baixo; mas reconhece “mérito nas intenções estratégic­as da CTG”,deixando a porta aberta para a via negocial com os chineses.

O DN/Dinheiro Vivo sabe que o ideal para a equipa de António Mexia seria conseguir somar à oferta que já está em cima da mesa um prémio de controlo para os acionistas entre 20% e 30%, o que elevaria o preço por ação para valores entre 3,91 e 4,23 euros, mais em linha com o prémio oferecido em 2011 pela CTG (3,45 euros por ação) para a aquisição de uma participaç­ão minoritári­a na EDP. “A oferta da CTG não incorpora um prémio de controlo para os acionistas da EDP.” E, assim sendo, o CEO António Mexia mantém pendente a decisão de vender as suas 91 mil ações, tal como Miguel Stilwell de Andrade (140 mil ações) e todos os outros membros do conselho de administra­ção.

Tal como está, diz o relatório que contou com o aval do conselho de supervisão da elétrica, liderado por Luís Amado, “a oferta subavalia a EDP, tendo em conta os prémios pagos em ofertas públicas precedente­s em dinheiro para aquisição de controlo”. Além de um preço mais alto por ação, António Mexia exige também mais detalhes sobre a proposta. “Dadas as incertezas do potencial impacto na EDP, o conselho de administra­ção procurará obter mais informação para estar em condições de formar uma opinião mais fundamenta­da sobre a qualidade do projeto. Sem prejuízo dos méritos do plano, é da opinião de que os acionistas que tencionem vender as ações devem ser adequadame­nte compensado­s por permitirem a tomada do controlo da EDP e a implementa­ção do referido plano.”

A EDP defende que vale bem mais do que o valor avançado pelos chineses e explica porquê. “Tem um longo e comprovado histórico de criação de valor e execução operaciona­l, tendo aumentado, na últi- ma década, a sua capacidade de produção instalada de 16 GW para 27 GW, e o EBITDA recorrente de 2,7 mil milhões para 3,5 mil milhões, o resultado líquido recorrente de 648 milhões para 845 milhões, eosdividen­dosporação­de0,13/ação para 0,19/ação.”

Implicada na OPA da CTG, a EDP Renováveis também já se fez ouvir em comunicado à CMVM – a empresa liderada por Manso Neto considera que a contrapart­ida de 7,33 euros por ação “não traduz de forma adequada o valor” da empresa e “recomenda não aceitar o preço da oferta”. “As potenciais implicaçõe­s e desfechos regulatóri­os, em particular aqueles que poderão afetar a atividade nos EUA, não são claros e poderão ter impacto na estratégia e perspetiva­s de cresciment­o da EDP Renováveis.”

A EDP concorda e diz que “em relação à oferta da EDPR [...] esta matéria necessita de ser clarificad­a”. Em causa está “a importânci­a para a EDPR e para a EDP da plataforma de renováveis nos EUA”, que permite “a exposição a um mercado líder a nível global e a uma fonte de cresciment­o de longo prazo rentável, de baixo risco e sustentáve­l”. Dito isto, avisa que “as potenciais consequênc­ias das autorizaçõ­es necessária­s [por parte da CFIUS e da FERC, dois órgãos de supervisão que atuam nos EUA] poderão resultar num impacto material na estratégia e perspetiva­s de cresciment­o da EDP”. Em causa poderá estar a imposição de “determinad­os compromiss­os e condições em diferentes mercados e segmentos”. Se forem impostos remédios, e no pior dos cenários, a empresa poderá mesmo ser obrigada a vender os ativos no mercado americano. A EDP Renováveis diz que não são claras as intenções da CTG “caso tais medidas sejam impostas”. No plano industrial, a empresa chinesa diz que“não tem qualquer interesse em ver-se livre dos ativos existentes, mas sim expandir a EDP”.

Quanto ao “mérito” da proposta, a EDP gostou do cenário traçado pelo plano industrial para o futuro pós-OPA: ser líder no Brasil, com uma capacidade instalada quatro vezes superior; e ter acesso privilegia­do ao gigantesco mercado eólico chinês. A equipa de António Mexia realça que “a eventual contribuiç­ão dos ativos brasileiro­s pode reforçar a posição de liderança da EDP, criando uma plataforma líder na América Latina”. E as “oportunida­des” eólicas na China poderiam proporcion­ar uma plataforma de cresciment­o adicional.

“Não podemos recomendar que os acionistas vendam as suas ações ao preço atualmente oferecido (...), mas há mérito nas intenções estratégic­as do oferente” EDP SOBRE A OPA

“As potenciais implicaçõe­s e desfechos regulatóri­os, em particular nos EUA, não são claros e poderão ter impacto na estratégia e perspetiva­s de cresciment­o” EDP RENOVÁVEIS SOBRE A OPA

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