Trump rejeita texto final do G7 após “facada nas costas” de Trudeau
Alemanha e França já reagiram, acusando o presidente dos EUA de destruir a sua confiança com 280 caracteres, no Twitter
SUSANA SALVADOR A cimeira do G7 no Quebec terminou em fiasco, depois de o presidente dos EUA, Donald Trump, se desvincular do texto final. Tudo por causa das declarações do anfitrião, o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, que Trump apelidou de “desonesto e fraco” noTwitter. O conselheiro económico da Casa Branca foi mais longe e acusou-o de dar “uma facada nas costas” dos EUA. Os aliados responderam, acusando por sua vez o presidente norte-americano de destruir a sua confiança com 280 caracteres.
“Com base nas falsas declarações do Justin na sua conferência de imprensa e no facto de o Canadá estar a cobrar tarifas maciças aos agricultores, trabalhadores e empresas dos EUA, dei instruções aos nossos representantes para se desassociarem do comunicado”, escreveu Trump no Twitter, a bordo do Air Force One a caminho de Singapura, para a cimeira com Kim Jong-un.
“Trudeau foi desonesto e fraco nas nossas reuniões do G7 para dar uma conferência de imprensa, depois de me ter ido embora, a dizer ‘as tarifas dos EUA são um insulto’ e que ‘não vai ser empurrado’. Muito desonesto e fraco”, acrescentou. Trump saiu mais cedo da cimeira do G7 (EUA, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Japão) por causa do encontro com Kim. Tarifas insultuosas O Canadá, tal como os países da União Europeia, foi atingido pelas novas tarifas de Trump às importações de aço e alumínio. Na conferência de imprensa, Trudeau disse considerar essas taxas “insultuosas”, tendo em conta a história entre os dois países. E prometeu represálias para julho. “Os canadianos são educados e razoáveis, mas não nos deixaremos empurrar”, afirmou o primeiro-ministro.
Antes, Trudeau tinha felicitado os sete países por ter sido possível um acordo no teor da declaração final da cimeira, de decorreu em La Malbaie, no Quebec. Um texto que não resolvia a guerra comercial, mas que era visto como um passo para acalmar as tensões e lançar o diálogo.
Após estas declarações, Trump pediu à sua equipa para se desvincular do acordo. Antes de deixar o Quebec, onde esteve menos de 24 horas, o presidente norte-americano já tinha deixado o aviso em relação às tarifas: “Se retaliarem, estão a cometer um erro.”
EmWashington, o principal conselheiro económico de Trump, Larry Kudlow, acusou Trudeau de “amadorismo”, alegando que queria que o presidente parecesse fraco na véspera da cimeira com Kim. “Ele praticamente deu-nos uma facada nas costas”, afirmou. Resposta dos aliados AlemanhaeFrançacriticaramTrump pelo seu recuo em relação à declaração final da cimeira, acusando-o de destruir a confiança e de agir de forma inconsistente.
“Numa questão de segundos, podes destruir a confiança com 280 caracteres, no Twitter”, disse o chefe da diplomacia alemão, Heiko Maas, alegando que irá demorar muito mais tempo para recuperar a confiança perdida.
À Reuters, um responsável francês, sob anonimato, disse que Paris apoia a declaração final. “A cooperação internacional não pode depender de estar irritado ou de sound bites.Vamos ser sérios”, disse.