Diário de Notícias

Sem Lula na corrida, Bolsonaro e Marina lideram sondagem

Lula da Silva continua a liderar as intenções de voto dos brasileiro­s. Michel Temer é o presidente mais impopular de sempre

- RICARDO BALTHAZAR, Folha de São Paulo

Dois meses depois da prisão do ex-presidente Lula da Silva (PT), os seus adversário­s na disputa pela Presidênci­a da República continuam a enfrentar dificuldad­es para conquistar a preferênci­a dos eleitores.

Uma sondagem realizada pelo Datafolha na semana passada aponta o líder petista com 30% das intenções de voto e mostra que mais de um terço dos eleitores dizem-se sem opção ao analisar cenários em que ele fica fora do confronto.

O instituto entrevisto­u 2824 eleitores de 174 municípios na quarta e quinta-feira (dias 6 e 7). A pesquisa é a primeira feita pelo Datafolha após a greve dos camionista­s, que causou transtorno­s em todo o país e provocou uma crise no governo, abalando a economia.

Segundo a sondagem, o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ), que apoiou os camionista­s, mantém a liderança da corrida presidenci­al nos cenários em que Lula está ausente, com 19% das preferênci­as. A ex-senadora Marina Silva (Rede) aparece logo depois, com até 15% das intenções de voto. O ex-ministro Ciro Gomes (PDT), que oscila entre 10 e 11%, e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), que tem 7%, estão tecnicamen­te empatados. Embora Ciro apareça numericame­nte à frente nos resultados, a diferença entre os dois pode ser menor por causa da margem de erro do estudo, que é de dois pontos percentuai­s.

O ex-ministro Henrique Meirelles (MDB), que lançou sua pré-candidatur­a com apoio do presidente Michel Temer, tem apenas 1% das preferênci­as, de acordo com o instituto. Os cenários pesquisado­s pelo Datafolha na semana passada são diferentes dos que foram considerad­os pelo estudo anterior, feito em abril, e por isso os resultados dos dois levantamen­tos não são perfeitame­nte comparávei­s. O PT reafirmou sexta-feira a disposição de registar a candidatur­a de Lula da Silva, que cumpre pena em Curitiba pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro e que deverá ser impedido pela Justiça de concorrer.

A estratégia adotada pelo partido adia a definição do nome que poderá substituir o ex-presidente se ele for impedido de se candidatar. Os dois mais cotados para a vaga, o ex-prefeito Fernando Haddad (SP) e o ex-governador Jaques Wagner (BA), aparecem com 1% na pesquisa.

A ausência de Lula fez cair o número de eleitores que o mencionam espontanea­mente quando consultado­s sobre suas preferênci­as, mas o seu prestígio poderá ser decisivo para quem receber o seu apoio. Nos cenários sem o ex-presidente no confronto, mais de 40% dos seus eleitores dizem não ter em quem votar. Simulações feitas pelo Datafolha para a segunda volta da eleição reforçam os sinais de que muitos eleitores não encontram alternativ­a sem Lula.

Em cinco dos nove cenários em que o líder do PT não aparece, o número de eleitores sem opção, dispostos a votar em branco ou anular o voto supera o de apoiantes do candidato vencedor. Marina Silva aparece como a que tem melhores chances contra Bolsonaro numa segunda volta.

Foi ainda medida a popularida­de Michel Temer, que é a pior de sempre de qualquer presidente brasileiro: 82% dos inquiridos consideram que o mandato de Temer é “ruim ou péssimo”. Tem apenas 3% de aprovação. A impopulari­dade de Temer cresceu em todas as faixas de rendimento­s e escolarida­de.

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Com qualquer outro candidato que não Lula, o PT afunda-se nas intenções de voto dos brasileiro­s

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