Sem Lula na corrida, Bolsonaro e Marina lideram sondagem
Lula da Silva continua a liderar as intenções de voto dos brasileiros. Michel Temer é o presidente mais impopular de sempre
Dois meses depois da prisão do ex-presidente Lula da Silva (PT), os seus adversários na disputa pela Presidência da República continuam a enfrentar dificuldades para conquistar a preferência dos eleitores.
Uma sondagem realizada pelo Datafolha na semana passada aponta o líder petista com 30% das intenções de voto e mostra que mais de um terço dos eleitores dizem-se sem opção ao analisar cenários em que ele fica fora do confronto.
O instituto entrevistou 2824 eleitores de 174 municípios na quarta e quinta-feira (dias 6 e 7). A pesquisa é a primeira feita pelo Datafolha após a greve dos camionistas, que causou transtornos em todo o país e provocou uma crise no governo, abalando a economia.
Segundo a sondagem, o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ), que apoiou os camionistas, mantém a liderança da corrida presidencial nos cenários em que Lula está ausente, com 19% das preferências. A ex-senadora Marina Silva (Rede) aparece logo depois, com até 15% das intenções de voto. O ex-ministro Ciro Gomes (PDT), que oscila entre 10 e 11%, e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), que tem 7%, estão tecnicamente empatados. Embora Ciro apareça numericamente à frente nos resultados, a diferença entre os dois pode ser menor por causa da margem de erro do estudo, que é de dois pontos percentuais.
O ex-ministro Henrique Meirelles (MDB), que lançou sua pré-candidatura com apoio do presidente Michel Temer, tem apenas 1% das preferências, de acordo com o instituto. Os cenários pesquisados pelo Datafolha na semana passada são diferentes dos que foram considerados pelo estudo anterior, feito em abril, e por isso os resultados dos dois levantamentos não são perfeitamente comparáveis. O PT reafirmou sexta-feira a disposição de registar a candidatura de Lula da Silva, que cumpre pena em Curitiba pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro e que deverá ser impedido pela Justiça de concorrer.
A estratégia adotada pelo partido adia a definição do nome que poderá substituir o ex-presidente se ele for impedido de se candidatar. Os dois mais cotados para a vaga, o ex-prefeito Fernando Haddad (SP) e o ex-governador Jaques Wagner (BA), aparecem com 1% na pesquisa.
A ausência de Lula fez cair o número de eleitores que o mencionam espontaneamente quando consultados sobre suas preferências, mas o seu prestígio poderá ser decisivo para quem receber o seu apoio. Nos cenários sem o ex-presidente no confronto, mais de 40% dos seus eleitores dizem não ter em quem votar. Simulações feitas pelo Datafolha para a segunda volta da eleição reforçam os sinais de que muitos eleitores não encontram alternativa sem Lula.
Em cinco dos nove cenários em que o líder do PT não aparece, o número de eleitores sem opção, dispostos a votar em branco ou anular o voto supera o de apoiantes do candidato vencedor. Marina Silva aparece como a que tem melhores chances contra Bolsonaro numa segunda volta.
Foi ainda medida a popularidade Michel Temer, que é a pior de sempre de qualquer presidente brasileiro: 82% dos inquiridos consideram que o mandato de Temer é “ruim ou péssimo”. Tem apenas 3% de aprovação. A impopularidade de Temer cresceu em todas as faixas de rendimentos e escolaridade.