Regresso de Bemba baralha oposição na RD Congo
Há quatro dias, TPI absolveu o antigo vice-presidente congolês dos crimes de guerra e contra a humanidade
ELEIÇÕES Quatro dias após o Tribunal Penal Internacional (TPI) ter absolvido o ex-vice-presidente da República Democrática do Congo dos crimes de que era acusado, a oposição congolesa está confusa com um eventual regresso à política ativa de Jean-Pierre Bemba. A seis meses das eleições gerais de 23 de dezembro, que poderão pôr termo a 17 anos de liderança de Joseph Kabila, a questão está a dividir a oposição, sobretudo depois de o atual líder oposicionista, Moise Katumbi, ter apelado, no sábado, à apresentação de um candidato único da oposição.
Bemba, absolvido pelo TPI das acusações de que fora condenado, em 2016, por crimes de guerra e contra a humanidade cometidos na vizinha República Centro-Africana, entre 2002 e 2003, continua muito popular no país. Segundo a revista Jeune Afrique, o assunto passou despercebido num comício de Katumbi (há dois anos exilado na Europa) realizado em Kinshasa, em que o atual líder da oposição congolesa participou através de videoconferência e apenas se referiu indiretamente ao assunto, insistindo na ideia de uma candidatura única da oposição às presidenciais de dezembro.
Após passar dez anos preso em Haia, o antigo vice-presidente congolês é desejado em Kinshasa e o partido que liderou, o Movimento de Libertação do Congo (MLC), atualmente liderado por Katumbi, manifesta a esperança de um regresso rápido ao país para que possa entrar na corrida presidencial.
“Será o candidato [do MLC] às presidenciais”, garantiuValentin Gerengo, líder regional de Kinshasa do MLC e também assistente parlamentar do senador Bemba, cujo regresso à capital da RD Congo está ainda por viabilizar pelo TPI, que o mantém sob custódia por causa de um julgamento de outro caso pendente naquele tribunal.
“O nosso objetivo é conseguir convencer todos a apresentar um candidato único da oposição e que esse candidato seja Jean-Pierre Bemba”, acrescentou Gerengo, aludindo não só a Katumbi como também aos líderes de outras forças da oposição, como Félix Tshisekedi e Vital Kamerhe. LUSA