Efeito Sánchez: PSOE seria o mais votado. Ciudadanos cai a pique
Sondagem realizada após a chegada do líder socialista à chefia do governo dá conta do regresso do bipartidarismo ao país
Estudo de opinião foi o primeiro feito após a chegada de Sánchez ao poder, no dia 1
HELENA TECEDEIRO Dez dias depois de o Parlamento espanhol ter aprovado a moção de censura que derrubou o governo de Mariano Rajoy, a primeira sondagem realizada desde a chegada do socialista Pedro Sánchez ao poder revela um panorama político completamente diferente. De terceiro partido mais votado, o PSOE passa para o primeiro lugar no estudo GAD3, publicado pelo diário ABC, com 28,8% das intenções de voto. O PP, apesar da queda de Rajoy na sequência do caso Gürtel e de estar a passar por um processo de escolha do novo líder, perde um lugar mas mantém-se nos 25,6%. Já o Ciudadanos de Albert Rivera cai para terceiro, com 21,1% – menos 4,5 pontos percentuais do que na sondagem de fevereiro do ABC.
O Unidos Podemos fica-se pelo quarto lugar, com 13,1% de inten- ções de voto, num momento em que a liderança de Pablo Iglesias tem sido posta em causa devido à compra de uma vivenda de 600 mil euros. Iglesias e a companheira, Irene Montero, porta-voz do partido, esperam gémeos. O casal sobreviveu a uma votação dos militantes para decidir a sua saída da liderança por violarem os princípios morais do partido.
Com estes resultados, Espanha assiste ao regresso do bipartidarismo. Este parecia morto após o aparecimento e ascensão do Ciudadanos e do Podemos. Mas, neste mo- mento, os dois partidos ficam 20 pontos percentuais abaixo de PP e PSOE.
A sondagem GAD3 foi realizada nos dias 7 e 8 deste mês através de 800 entrevistas. É o primeiro estudo de opinião feito após a chegada de Sánchez ao poder. Com 118 deputados, o PSOE conseguiria o melhor resultado desde 2008, caso as eleições se realizassem hoje. Os socialistas recuperam partes dos votos que tinham perdido para o Ciudadanos.
O partido de Rivera desilude sobretudo depois de ter chegado a surgir em primeiro lugar em alguns estudos de opinião. A sua gestão da crise na Catalunha, após o sim à independência no referendo de outubro de 2017, beneficiou os centristas – partido mais votado nas regionais catalãs de dezembro. Mas a moção de censura deu um rude golpe nas aspirações de Rivera a chegar à chefia do governo espanhol. Apesar de tudo, o milhão de eleitores que trocaram o PP pelo Ciudadanos nos últimos anos mantêm-se fiéis ao partido, segundo estimativas do presidente do GAD3, Narciso Michavila.
Para já, o Ciudadanos reage com cautela às sondagens, mostrando-se disposto a pressionar o governo de Sánchez para que convoque eleições, mas ao mesmo tempo abrindo a porta a negociar o Orçamento para o próximo ano. “Somos formiguinhas”, lembrou Rivera aos membros do seu partido, recomendando calma e que não percam o ânimo. “A verdade é que, mesmo depois da convulsão, o Ciudadanos está a competir de igual para igual” com o PSOE e o PP, disse Rivera na TVE.