TEIMOSIA E CHOQUE ENTRE O EXÉRCITO E A NATO BLOQUEIAM CONCURSO PARA COMPRA DE ARMAS LIGEIRAS
Exército afirma que pistola Beretta não cumpre os requisitos do concurso, ao nível do cano e proteção do gatilho. A NSPA sustenta o contrário Substituição da G3
que os paraquedistas
– estão a usar na República Centro-Africana volta a
– estar ensombrada, depois de anulados os processos abertos em 2004 e 2007
O terceiro concurso da última década e meia para equipar o Exército com armas ligeiras novas está bloqueado, devido às divergências entre o ramo e a agência da NATO que o está a realizar, soube o DN junto de diferentes fontes. Em causa está o concurso lançado há ano e meio, através da agência especializada da NATO (NSPA, sigla em inglês), que entrou num impasse porque o Exército e aquela estrutura sediada no Luxemburgo entraram em choque – especificamente sobre o modelo das novas pistolas.
No centro do referido desentendimento está a arma apresentada pela empresa italiana Beretta, com o Exército a argumentar que essa pistola não cumpre os requisitos definidos enquanto a NSPA garante o contrário.
Aquele concurso, que o ministro da Defesa previa no início de 2017 estar “praticamente concluído” até ao final do ano passado e com o qual se pretende finalmente substituir as velhas G3 da guerra colonial, abrange quatro tipo de armas: espingardas automáticas, metralhadoras ligeiras, pistolas-metralhadoras e pistolas.
Uma das fontes referiu que as posições estão extremadas entre as partes, ficando por perceber se a pistola italiana não cumpre os requisitos ou não corresponde às expectativas do ramo – que é o Exército europeu a operar com as armas mais antigas nos teatros de operações – e qual das partes assumirá o ónus de cancelar este terceiro concurso da arma ligeira.
Com outra fonte a dar o concurso como objetivamente suspenso, a desejada substituição da G3 – que os paraquedistas estão a usar na República Centro-Africana – volta a estar ensombrada, depois de anulados os processos abertos em 2004 e 2007 (num dossiê que está na mesa desde o final dos anos 1980). Terceiro concurso em 14 anos Ao contrário dos concursos anteriores, este foi entregue à NSPA para evitar os atrasos e bloqueios das décadas anteriores, dado ser uma agência que existe para esse fim. Acresce que, talvez já como consequência dos atrasos existentes neste projeto, Azeredo Lopes determinou na sua recente diretiva de revisão da Lei de Programação Militar que as Forças Armadas passarão a adquirir sistemas de armas já existentes no mercado e em uso nos países aliados.
Neste caso, segundo as fontes e face aos modelos concorrentes, o Exército começou por rejeitar a pistola checa – que correspondia à proposta mais vantajosa das recebidas pela NSPA – por não cumprir os requisitos definidos no concurso e estabelecidos entre o ramo e a agência da NATO. A agência validou essa posição e passou ao segundo concorrente, a Beretta, o que resultou no referido impasse porque, neste caso, o ramo sustenta que a pistola italiana não corresponde ao estipulado a nível do cano e do guarda-mato (proteção do gatilho).
Com a NSPA a manter que a Beretta cumpre os requisitos definidos, uma das fontes admitiu que o fabricante italiano recorra caso o processo seja mesmo cancelado.
Em janeiro do ano passado, o ministro Azeredo Lopes mostrava-se confiante no cumprimento dos prazos e que “até final de 2017 praticamente tenhamos o concurso concluído” e as primeiras armas entregues em 2018. O Exército subscreveu essa posição, adiantando que o processo deverá ficar concluído “até 2022”.
Porém, o Exército – responsável pelo acompanhamento do processo a cargo da NSPA – foi propondo novos requisitos operacionais que alteravam o caderno de encargos inicial, uma das razões que levaram responsáveis da agência da NATO a deslocar-se a Lisboa há algumas semanas para reunir com o ramo.