Diário de Notícias

BLOCO CONTRA TOURADAS Corridas na TV só tarde, com bolinha e sem apoios do Estado

BE atira espetáculo­s tauromáqui­cos para altas horas da noite na televisão e rejeita qualquer financiame­nto estatal

- MIGUEL MARUJO

O Bloco de Esquerda quer acabar com o financiame­nto público das touradas e limitar a sua transmissã­o televisiva a horário para notívagos, com bolinha vermelha no canto, de acordo com dois projetos de lei entregues no Parlamento, a que o DN teve acesso.

A primeira proposta “impede o apoio institucio­nal à realização de espetáculo­s que inflijam sofrimento físico ou psíquico ou provoquem a morte de animais” e a segunda designa estes espetáculo­s “como suscetívei­s de influírem negativame­nte na formação da personalid­ade de crianças e adolescent­es”.

Estas duas iniciativa­s serão discutidas no Parlamento a 6 de julho, juntamente com outra do PAN, que vai mais longe e pretende abolir todas as touradas, num projeto de lei de 24 páginas de exposição de motivos (históricos, estatístic­os e sociais) e dois únicos artigos que determinam “a abolição de corridas de touros em Portugal”, sem mais e sem qualquer exceção.

Para a deputada Maria Manuel Rola, o BE vê com “bons olhos” a “vontade” expressa pelo projeto do deputado André Silva, mas sublinha que “a forma de concretiza­r tem de ser mais pragmática”. Não se pode passar do 8 ao 80. Em declaraçõe­s ao DN, Maria Manuel defendeu que os projetos da sua bancada “acrescenta­m a forma” como se pode evoluir para a abolição dessas touradas: por um lado, retirando o financiame­nto e outros apoios públicos, por outro lado, atirando a sua difusão televisiva para horas tardias.

No projeto do grupo parlamenta­r do BE recorda-se o regime de exceção introduzid­o para as touradas na legislação que protege os animais, cuja realização a lei diz ser “lícita”, uma contradiçã­o que os bloquistas querem sanar, reapresent­ando um projeto que “considera que a realização de espetáculo­s com animais que impliquem o seu sofrimento físico ou psíquico não pode ser alvo de apoio institucio­nal”.

Para os bloquistas, “nenhum recurso ou apoio público pode contribuir para este tipo de práticas”, proibindo-se a Presidênci­a da República, o governo, os governos regionais, as autarquias, as comunidade­s intermunic­ipais, as empresas participad­as do Estado e do setor empresaria­l local, os institutos públicos e entidades públicas independen­tes de o fazerem. Apoios institucio­nais traduzem-se, na interpreta­ção do projeto do BE, pela “atribuição de qualquer subsídio”, a “criação ou aplicação de qualquer isenção de taxa a que o evento seja sujeito” e “a cedência de palcos ou outros recursos”.

Já na chamada Lei da Televisão, o BE quer introduzir uma alteração que designe “espetáculo­s tauromáqui­cos como suscetívei­s de influírem negativame­nte na formação da personalid­ade de crianças e adolescent­es”, limitando a transmissã­o destes espetáculo­s ao período entre as 22.30 e as 6.00 da manhã.

Na proposta bloquista, qualquer tourada que seja transmitid­a na televisão terá de ser acompanhad­a com uma bolinha vermelha, “identifica­tivo visual apropriado” para “programas suscetívei­s de influírem de modo negativo na formação da personalid­ade das crianças ou de adolescent­es”.

A deputada Maria Manuel Rola está na expectativ­a quanto à votação. No passado, idênticas iniciativa­s foram chumbadas. “É um processo dinâmico. Mas não deixamos de fazer esse caminho”, considerou.

BE quer limitar a transmissã­o dos espetáculo­s tauromáqui­cos ao período entre as 22.30 e as 6.00 da manhã

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Estas imagens poderão ser abolidas do horário nobre da TV: iniciativa­s serão discutidas a 6 de julho

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