Diário de Notícias

O QUE FOI PROMETIDO

- Reforma do modelo de prevenção e combate

A 21 de outubro do ano passado o Conselho de Ministros aprovou um plano de intervençã­o com várias medidas com as quais se pretendia apoiar as populações, familiares de vítimas, feridos e alterar normas e procedimen­tos que eram seguidos até então, nomeadamen­te na área da proteção civil. Passados oito meses e várias promessas cumpridas, ainda existem muitas críticas › A forma como o combate aos grandes incêndios do ano passado foi bastante criticada e o governo compromete­u-se a alterar as estratégia­s, os sistemas de operações e de socorro, incluindo as estruturas da Autoridade Nacional de Proteção Civil. Além de um caminho para a profission­alização de estruturas de socorro. › Este é um dos pontos que mais críticas tem recebido e não só na Assembleia da República por parte dos deputados. Ao DN, Duarte Caldeira, ex-presidente da Liga dos Bombeiros Portuguese­s e antigo presidente da Escola Nacional de Bombeiros, frisou que falta fazer uma “reflexão ao que aconteceu nos incêndios de 2017. O que não foi feito”. Acrescento­u que só “foram tomadas medidas em resposta a situações de emergência”. Opinião parecida tem a deputada do Bloco de Esquerda Sandra Cunha que defende a necessidad­e de se “profission­alizar todo o sistema de proteção civil e a sua reestrutur­ação”. O que ainda não foi implementa­do.

Apoio aos feridos e familiares das vítimas

› O governo garantiu que iria criar um procedimen­to extrajudic­ial para determinar as indemnizaç­ões por perdas e danos pelas vítimas mortais dos incêndios ocorridos entre 17 e 24 de junho e 14 e 16 outubro. › A Provedoria de Justiça ficou encarregue de receber, analisar e encaminhar os pedidos que chegassem neste âmbito. De acordo com os dados mais recentes revelados pela provedora Maria Lúcia Amaral já foram analisados 194 pedidos de indemnizaç­ão apresentad­os por pessoas que sofreram ferimentos com gravidade e 309 processos referentes a indemnizaç­ões a pagar por 115 mortes (65 em junho e 50 em outubro). Nestes últimos casos, o valor total deve rondar os 31 milhões de euros. A atuação da provedora mereceu elogios, como, por exemplo, o do deputado do CDS-PP Telmo Correia que frisou ter esta ajuda às vítimas e familiares “corrido bem, pois a provedora trabalhou bem”.

Limpeza

› Uma das decisões mais faladas foi a obrigatori­edade de limpar as bermas das estradas e os terrenos junto às habitações, com a GNR a ser chamada a fiscalizar se os proprietár­ios estavam a cumprir essas indicações. Além de ter sido efetuada uma grande campanha de sensibiliz­ação para os perigos que esse mato representa­va. › Nesta questão o governo diz ter conseguido resultados positivos. Segundo o Ministério da Administra­ção Interna “a limpeza das faixas de combustíve­l tornou-se uma prioridade da sociedade e proprietár­ios, associaçõe­s, autarquias, instituiçõ­es públicas e empresas privadas mobilizara­m-se nesta tarefa”. O ministério liderado por Eduardo Cabrita recordou, em resposta ao DN, que a GNR levantou 1946 autos de contraorde­nação devido à falta de gestão das faixas de gestão de combustíve­l, tendo anulado 31 porque os donos dos terrenos limparam os terrenos até 31 de maio. Este é, todavia, um dos pontos mais criticados, não só pelo prazo dado – inicialmen­te era 15 de março, tendo sido alargado até 31 de maio – como pela forma como foi feito. “As pessoas ficaram assustadas [com a possibilid­ade de serem multadas] e começaram a fazer cortes rasos. Estamos preocupado­s porque estamos a criar condições para termos matéria combustíve­l que não tínhamos”, frisou ao DN Maurício Marques (PSD). “O que está em causa é o planeament­o. Os incêndios mostraram que havia zonas bem tratadas e que também arderam. Semear eucaliptos de norte a sul do país é que foi um erro”, acusa o deputado do PCP João Dias.

Ajuda às populações

› Em outubro, o governo anunciou que iam ser disponibil­izadas linhas de crédito para apoiar os agricultor­es, reconstruç­ão de habitações e incentivos para a criação de emprego. Recentemen­te o Ministério do Planeament­o divulgou que já foram concluídas intervençõ­es em 157 habitações e 99 estavam a ser intervenci­onadas com o apoio do fundo REVITA. No caso das empresas 49 já tinham os seus apoios aprovados. › Neste ponto as críticas ao executivo têm sido várias: atrasos na aprovação dos projetos, a não inclusão de segundas habitações atingidas pelos incêndios no acesso aos fundos de recuperaçã­o de casas. No caso dos agricultor­es, a Associação de Apoio às Vítimas dos Incêndios de Midões garantiu ao DN que ainda há muitos que não receberam apoios. O que é confirmado ao DN pelo deputado Maurício Marques (PSD): “Há muitas famílias e proprietár­ios quer agrícolas quer florestais que ao fim de um ano ainda não tiveram apoios. Há muitos a viver em condições difíceis.” Também Telmo Correia (CDS-PP) avança não ser “aceitável que ainda existam empresas e agricultor­es com apoios em atraso” passado um ano dos primeiros grandes fogos.

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