Eu adepto me confesso: “Tristes figuras só faço no Mundial”
Nódoas negras, pontapés e até ombros deslocados é o resultado dos nervos durante os jogos. Quem está ao lado é quem mais sofre com as tristes figuras dos amigos
KÁTIA CATULO No Mundial há os jogos de futebol e, depois, há os intervalos. Poder-se-á pensar que é o mesmo mas não é. São dois momentos distintos, cada qual com protocolos próprios. Nos intervalos descomprime-se dançando kuduro, tecno e salsa ou tirando selfies viradas para o rio. Durante os jogos, são os nervos que tomam conta de tudo. “Roem-se as unhas, grita-se até ficar sem voz, insulta-se e pragueja-se contra os árbitros e os adversários”, explica o colombiano Emiliano Muñoz, que chegou ao Terreiro do Paço, em Lisboa, com várias horas de antecedência para assistir ao Colômbia-Japão.
As figuras tristes não chocam ninguém, pelo menos alguém que esteja na Arena Portugal para assistir aos jogos do Mundial. Todos os comportamentos são aceitáveis quando em causa está uma seleção que é, naturalmente, a nossa. “Há uns jogos piores do que outros, os mais cardíacos é que me levam a fazer algumas loucuras”, confessa Liam Hughes, britânico a passar férias em Lisboa.
Loucuras, nestes casos, é “perder o controlo” e levar tudo à frente, pontapeando quem está à frente, atrás e ao lado dele. “Ele é um tipo perigoso”, avisa Harry Walker. Não é por acaso que durante os jogos deste Mundial os companheiros mantêm sempre uma distância de segurança para evitar acidentes.
Há outros casos quase tão graves como o de Liam. Monica Felãzek, adepta da Polónia, já conseguiu a proeza de fazer várias nódoas negras no braço do namorado. Niclas Sandberg, da Suécia, é perito em entornar cerveja para cima de quem está mais perto dele. E Mattar Sene até já deslocou um ombro no meio da euforia e acabou a festa nas urgências de um hospital: “Aconteceu no último Mundial e, desde aí, tento ser mais comedido”, confessa o senegalês a viver há quatro anos em Lisboa.