Diário de Notícias

Eutanásia regressa na campanha eleitoral pela mão do BE e do PAN

- MIGUEL MARUJO

“É muito importante que nas próximas eleições se dê voz a um movimento social grande que se constituiu à volta desta decisão”

JOSÉ MANUEL PUREZA

DEPUTADO DO BLOCO DE ESQUERDA

“Será incontorná­vel. Os partidos, incluindo ou não incluindo nos programas eleitorais, vão ter de o discutir com certeza”

MARIA ANTÓNIA ALMEIDA SANTOS

DEPUTADA DO PS

Eleições legislativ­as. Bloco de Esquerda e o partido Pessoas-Animais-Natureza garantem que a proposta de despenaliz­ação da morte assistida estará nos programas eleitorais de 2019. PS admite que é prematuro, mas o tema é incontorná­vel

Depois do chumbo de quatro projetos de lei no Parlamento, a eutanásia vai voltar a ser discutida já nas próximas eleições legislativ­as, em 2019, pela mão do Bloco de Esquerda e do PAN, que confirmara­m ao DN que essa questão voltará a ser inscrita nos seus programas eleitorais (os bloquistas fizeram-no em 2009, os ecologista­s do partido Pessoas-Animais-Natureza foram os únicos a fazê-lo em 2015).

José Manuel Pureza, deputado do BE, reconheceu que o programa eleitoral está “ainda a ser desenhado”, mas garante que a despenaliz­ação da morte assistida “segurament­e fará parte das propostas do Bloco para o país”.

O bloquista defende que esta não é uma resposta a dar àqueles que criticaram os partidos que avançaram com a proposta sem a terem inscrito nos seus programas eleitorais, nas legislativ­as de 2015. “O Bloco já tinha esta questão assumida desde 2009”, justifica. “A questão é outra: é muito importante que nas próximas eleições se dê voz a um movimento de opinião e a um movimento social grande que se constituiu à volta desta decisão.”

É tempo de os partidos, defende o também vice-presidente do Parlamento, não deixarem cair esta proposta. “É dar voz e força política a uma questão que ficou no coração da luta pelas liberdades, durante esta legislatur­a”, apontou ao DN José Manuel Pureza. E insiste, sem explicitar a quem se dirige, que “seria muito importante que, à semelhança do que o Bloco vai fazer, outros forças políticas tomassem a mesma atitude, ou seja, diante de um movimento que ganhou força social, cultural e política, que os partidos tomassem uma posição de apoio, para se compromete­rem a ajudar na sua medida a dar continuida­de a esse movimento”.

Outro dos partidos que avançaram com um projeto de lei, o PS, será o alvo deste apelo do bloquista. Por agora, segundo fonte oficial, o partido de António Costa diz que é prematuro avançar se esta é uma proposta a incluir no seu programa eleitoral.

A deputada Maria Antónia Almeida Santos, que foi uma das proponente­s do projeto socialista, admitiu ao DN que “é prematuro falar” se a eutanásia será incluída no programa eleitoral do PS. “Ainda não estamos em fase de elaboração” do programa. “Mas vai ser um tema que será incontorná­vel. Os partidos, incluindo ou não incluindo nos programas eleitorais, vão ter de o discutir com certeza, porque está na agenda política.” Para Maria Antónia Almeida Santos, “a votação mostrou que a sociedade civil – também pelos debates que acontecera­m durante dois anos – não está com vontade de deixar cair o tema”. “Assunto premente” Insistindo que não pode garantir que estará no programa eleitoral socialista, a deputada do PS sublinhou que o partido também “vai discutir” a despenaliz­ação da morte assistida. E, “a seu tempo, veremos se é incluído” no programa, defendendo, no entanto, que os partidos são livres de apresentar­em propostas (nesta e noutras matérias) estejam ou não no programa.

Também André Silva, do PAN, defendeu ao DN que este é um tema que veio para ficar, sabendo-se que “é um assunto premente e urgente”. E recordou que outras questões na sociedade portuguesa não foram aprovadas num primeiro momento. “É um tema que não está fechado. É daqueles temas que se prendem com direitos, liberdade e garantias que deu o seu primeiro passo. Podia ter ficado logo resolvido, mas taticismos partidário­s à parte, sabemos que este é o primeiro de alguns passos que têm que ser dados.”

Do lado do Partido Ecologista “Os Verdes”, fonte oficial afastou a necessidad­e de inscrever esta proposta no programa eleitoral do partido. O PEV concorre sempre coligado com o PCP, que nesta matéria é absolutame­nte contra a despenaliz­ação. “Agora que cada partido já expressou a sua posição, não há necessidad­e de incluir no programa”, reiterou fonte ecologista.

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Bancadas de PSD (na maioria), CDS e PCP juntaram-se a 29 de maio para chumbar os quatro projetos de PS, BE, PEV e PAN

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